Sunday, May 23, 2010

em torno de um livro

Peguei no livro, no silêncio da casa e li sobre o amor. Sobre o amor fleumático. Aquele amor egoísta, no dizer de Clawdia Cauchat, que a única coisa que almeja é o enriquecimento de nós próprios. Um amor que sabe esperar, mesmo que a espera seja em vão e faz dela um processo de conhecimento humano. “ Podemos falar de dedicação egoísta ou de egoísmo dedicado”, diz Hans Castorp, embora a fronteira entre os dois seja muito ténue. Enquanto o primeiro se aproxima da paixão, que gera o ciúme, que exige a posse, o segundo é paradoxalmente altruísta e egoísta: altruísta porque não exige exclusividade e está centrado no sentimento, no que ele desencadeia; egoísta porque, estando centrado no sentimento, se interessa apenas pelos efeitos do processo no enriquecimento individual daquele que ama.

Sunday, May 16, 2010

Casa da Música ao domingo

Nunca tinha ido aos concertos comentados de domingo na Casa da Música. Fui hoje porque na sexta à noite não pude ir ao concerto da ONP. A Casa da Música estava esgotada. Cheia de miúdos e de adultos. A orquestra vestida informalmente. Antes de começar as vozes infantis enchiam a casa de sons. O silêncio fez-se de imediato depois do anúncio que o espectáculo ia começar.
O concerto à volta de Zoltán Kodáli. Conheci a música de Zoltán Kodáli na Hungria quando lá fui. Associei-o a Béla Bártok e à Hungria, país fascinante com mais ou menos a mesma área e o mesmo número de habitantes que Portugal. Um país cheio de histórias, onde povos e invasões, anexações se misturam.
A Suite de Háry János é também uma história. Colorida, viva, que fala do Império Austro-húngaro e da invasão napoleónica. Nada mais apropriado para uma manhã de festa, domingo de sol.
Conheci o cimbalão, instrumento de cordas percutidas com forma de cravo e som seco de cordas.
Assim se fazem públicos. Aos pais e educadores lembro que esta é uma boa maneira de degustar o domingo de manhã. Fora deste sítio divulga-lo-ei também.

Monday, May 10, 2010

Valentina Sereno

A professora que no liceu, talvez, mais me marcou, foi Valentina Sereno - professora de ciências da natureza. Foi minha professora no Carolina Michaëlis. Hoje lembrei-me dela, como me lembro muitas vezes. O que distingue um ser vivo de um ser inanimado? A capacidade de assimilação. Não sei se foi assim que ela me ensinou, foi assim que eu percebi e assim a lembro. Assimilar- capacidade de transformar matéria diferente na sua própria matéria. Hoje lembrei-a ao pensar na capacidade que temos de reflectirmos sobre as nossas experiências incorporando-as na nossa história pessoal.Ficamos mais densos, mais pesados e mais leves, mais desprendidos e mais conscientes do nosso lugar no mundo. Perdida a inocência ganhamos em sabedoria.Ando às voltas com Thomas Man " A Montanha Mágica" e assimilo.

Sunday, May 09, 2010

Galiza





Fim de semana na Galiza. Santa Comba de Bande, capela visigótica- séc VII; Vila Nova dos Infantes; Mosteiro de Celanova, claustro séc.XVII; Capela de São Miguel, Celanova, moçarabe, séc X.

Sunday, May 02, 2010

Para a minha Mãe (2)

Para a minha Mãe (1)

Nada tem a ver com esperança

Hoje, no meu programa de rádio favorito, ouvi a Maria João Seixas ler um excerto de uma crónica de João Benard da Costa que referia Musil, um dos meus escritores favoritos, mais ou menos assim " Quando se espera muito tempo acontecem coisas que só raramente acontecem." Coisas excepcionais, digo eu. A espera, saber esperar para saber perceber quando elas acontecem. Mas tem que ser uma espera viva e activa. O tema da espera e da vigilância é um tema bíblico, é um tema zen, é um tema temporal.
Eu espero...