Thursday, September 30, 2010

Ruínas de Manuel Mozos

Ontem tive, finalmente, a oportunidade de ver o documentário ruínas. Perdi, nas ruínas do tempo, os comentários que li na altura da sua exibição no circuito comercial. Vi-o em condições especiais. Não as melhores, sob pondo de vista do objecto artístico, mas cenicamente envolventes: um ambiente de pré-ruína ou de obsolescência física. No dizer do perito comentador, ao contrário dos humanos, nos edifícios, a obsolescência social precede a física. Assim foi, uma fábrica que deixou de laborar em 1990 é agora uma ameaça, mostra as entranhas em decadência. A fábrica foi o lugar da exibição.
À noite explicava o filme aos meus filhos. Comunicar a experiência faz parte do seu conhecimento (comentava hoje com uma amiga ao almoço- interessante!) O filme apresenta no presente imóveis abandonados em planos fixos - vários planos para cada situação. O texto que o acompanha relata episódios passados no que foi o presente (aqui entendido como a época viva desses edifícios). Relatos do passado que nos transportam para um passado-presente quando visualizamos o presente-passado dos edifícios.
Inesquecível. Vou vê-lo novamente para confirmar mas não o verei no mesmo cenário.
Os panos negros que cobriam as janelas, a abanar ao vento, fizeram-me recordar as primeiras cenas de "O leopardo".

Friday, September 17, 2010

El olvido que seremos

Ouvi há pouco, no noticiário das 17 horas da antena 2, que Hector Abad Faciolince, tinha ganho um prémio ( de que não recordo o nome) que lhe foi entregue hoje, por António Costa, em Lisboa. Por pura coincidência referi-o ontem aqui. Faço parte dos seus admiradores incondicionais: pela qualidade da escrita, pela seriedade da descrição, pela coragem do testemunho, pela profunda humanidade.
Li-o na língua original, oferecido por amigos colombianos, mas tenho emprestada a edição portuguesa, pelas mãos de um amigo português. Independentemente de tudo, será com certeza, um dos livros da minha vida.

Thursday, September 16, 2010

Colombia e colombianos

Motivada pelos comentários que li em posts anteriores arrisco acreditar na bondade destes lugares e por isso escrevo, ainda, sobre a Colômbia.
Depois de voltar, com um livro oferecido na bagagem, li-o de imediato: " El olvido que seremos" de Hector Abad Facciolince. Relato comovente, profundo e pedagógico de Hector sobre a sua família, destinado a honrar a memória do seu pai. Para mim, mãe e educadora, que têm dúvidas, como acontece a todas as aspirantes a boas mães, este livro disse-me muito. Recordo-me de relatos, passagens carinhosas, cheias de imparcialidade dedicada, que me orientam nas duras tarefas do dia a dia. Dar um beijo ruidoso e impulsivo a um filho, quando ele, racionalmente mereceria um "grande puxão de orelhas", pode ser a atitude mais eficaz. Educar é, antes de mais, sermos expressivos testemunhos de paixão pela vida e incondicionais amantes dos nossos filhos, no melhor e no pior "todos os dias da nossa vida".
Agradeço aos colombianos - apaixonei-me por eles e por Bogotá.
Muito bem escrito, além do mais. Li-o na língua original.

Thursday, September 02, 2010

Douro



O Douro está na moda - ouvia-o hoje dito por um repórter televisivo. Fui prová-lo. A paisagem do Douro está a mudar, vinhas plantadas no sentido perpendicular à margem, socalcos construídos sem muros de suporte em xisto, rampas oblíquas para ligarem os socalcos: a paisagem do Douro já não é o postal que tinha gravado desde a minha infância.
O que constrói a paisagem? A paisagem deve manter-se fixa no tempo? Como preservar a memória adaptando-a às novas necessidades produtivas? Devemos guardar os "postais" ou temos que fazer postais contemporâneos?
Eu, entendo tudo, mas gostava mais do meu postal de infância.