Tuesday, September 30, 2008

A hora da canção (pt2)

Tv on The Radio - Family Tree

Under my love
Wake up to your window
The day calls in billows
It’s echoing moonlight on to the blue nightmare of your heart
In cosy red rainbow
It’s shaking off halos
And the memory of our sacred so and so’s

Oh take my hand sweet
Complete your release and bury your feet
And married we'll be
Alone in receiving ours is a feeling not that they would see
They don’t know that we could be
That way your cradle escaped the sea
?

Were laying in the shadow of your family tree
Your haunted heart and me
Brought down by an old idea whose time has come
And in the shadow of the gallows of your family tree
There's a hundred hearts soar free
Pumping blood to the roots of evil to keep it young

I’ll be your mind
Is it safe to say that we’ve waited patiently
Call me on time
And well go over to nanas place disgracefully
Fall into line
There's the garden grave and a place they've saved for you
I'll fall by your side
?

Were laying in the shadow of your family tree
Your haunted heart and me
Brought down by an old idea whose time has come
And in the shadow of the gallows of your family tree
There's a hundred hearts soar free
Pumping blood to the roots of evil to keep it young

And now we’ll gather in the shadow of your family tree
In haunted harmony
Brought down by an old idea whose time has come
And in the shadow of the valley of your family tree
There's a hundred hearts soar free
Pumping blood to the roots of evil to keep us young


Friday, September 26, 2008

5.as de leitura

Só não fiquei decepcionada porque não tinha posto a fasquia muito alta.
Gonçalo M. Tavares, jogou à defesa, preferindo uma "conferência" ao tradicional formato da entrevista, que é mais comum nestes eventos. Na conferência traduziu duas ideias em duas partes do discurso: na primeira, sobre o poder ( julgamento e punição) e na segunda, sobre o homem na era da tecnologia. Nada que me comovesse ou que me impressionasse. Competente, um pouco convencido e nada emocional: arrancou duas ou três gargalhadas tímidas à assistência ( a mim apenas sorrisos) e umas palmas por deferência, pelo menos as minhas.
De resto, não houve performances, que normalmente me surpreendem pela positiva. Bernardo Sasseti, foi pouco, muito pouco, mas valeu quase a pena pela primeira peça. A guitarra de Alexandre Soares, não me perturbou.

Caramel - Nadine Labaki

Realizado pela actriz principal, no papel de Layale, este filme é uma agradável incursão no mundo árabe, aparentemente muito diferente do mundo ocidental. Mas para além do universo ser o médio oriente, a acção passa-se em Beirute, é também o feminino, em toda a sua leveza e cumplicidade. Filme sem história, para além da vida normalíssima de um bairro em Beirute: com as suas decepções, os seus sonhos, os seus amores ... e uma atenta e gratificante dedicação.

Wednesday, September 24, 2008

Sombras de Casa

casamento - adopção

Não era sobre isto que ia hoje escrever… mas este tema ocupou o meu pensamento durante algum tempo o dia de hoje: o casamento homossexual e a adopção por casais homosexuais.

Antes de mais, concordo com os dois. Depois, concordo com muito mais do que isso, ou seja, acho que somos limitativos e preconceituosos nas relações funcionais e afectivas que conscientemente e socialmente admitimos: casal: homem/mulher, apenas, ou qualquer sucedâneo deste tipo, mais tolerante se for homem só ou mulher só, solteiro(a), viúvo ou viúva e menos consensual, mas já maioritariamente admissível, divorciado(a)/separado(a).

Para mim tudo é admissível. A célula base na qual se vive, ou se decide viver, pode ser homem/mulher ou pode ser homem/homem, mulher/mulher e as relações afectivas que as ligam podem ser as mais diversas, pai/filho(a); mãe/ filho(a) irmãos, amigos,… se são amantes ou não, não é para mim relevante, como também não o é, qual é natureza das suas relações. Quantos casais, que supostamente têm uma vida sexual “normal”, não se enquadram na normalidade, que provavelmente não existe em nenhum casal (o eterno problema das médias ou das normas).

Mas no meio disto tudo misturar a adopção? Parece-me completamente fora de contexto. Porque é que para adoptar se avalia a natureza das relações afectivas do(s) pai(s)? No caso de ser um casal a adoptar, avalia-se se o sexo é bom ou a quantidade de sexo, ou a capacidade de educar? Então porque é que se avalia a natureza da relação da pessoa individual, ou conjugada, que pretende adoptar?

Porque é que se mistura casamento com adopção?

Monday, September 22, 2008

Rui Paes

O que me chamou/impressionou ( no sentido literal e estrito do verbo) na conversa de Rui Paes na 2?
O que é certo é que eu, aquela que tinha tirado o avental há minutos e aberto este mesmo computador, me senti irresistivelmente atraída pela conversa do artista com Alberta Marques Fernandes no jornal da 2. O que conheço da sua produção? Algumas das ilustrações em "Pipas de Massa" que ofereci no natal de 2006 à minha sobrinha mais nova. Cativou-me a personagem e a fluência do discurso despretensioso e vivo. Parecia que estava no mais confortável dos sítios a falar para a mais antiga das suas amigas. Um discurso pouco comum em entrevistas e muito menos comum num telejornal: lúcido, coerente e imaginativo.
E a figura: homem de quarenta e muitos, meio careca, as pálpebras um pouco descaídas, alguma inércia na figura que soma o conjunto dos mais comuns atributos de homem de meia idade. Fez-me lembrar William Hurt, estranho não?

Sunday, September 21, 2008

jogo dos três pauzinhos e das três pedrinhas

brinho
Este era um dos nossos jogos de praia. Reeditei-o para o meu sobrinho. Uma espécie de jogo do galo, mais interactivo e longo, porque as pedras e os paus movem-se continuamente até um dos jogadores conseguírem formar uma linha ( aqui não valem as diagonais!).

Thursday, September 18, 2008

novamente o tempo

“Oh, havia pouco tempo, sim, ele sabia. Quase podia ouvir o enorme silêncio com que os ponteiros do relógio avançavam. Mas não se sentia revoltado por ser o guardião de tempo tão curto: o tempo de uma vida inteira também seria curto. Aquele homem já aceitara a grande contingência. (…)

Aliás no seu trabalho de construção da realidade, havia em desfavor de Martim a novidade de as coisas não serem mais óbvias; ele esbarrava a cada momento. Contra si, também, havia consciência do tempo preciso. Embora Martim tivesse uma grande vantagem: se a vida era curta, os dias eram longos. Ainda a seu favor ele tinha o facto de saber que devia andar em linha recta, pois seria pouco prático perder o fio da meada. A seu desfavor tinha um perigo à espreita: é que havia um gosto e uma beleza em uma pessoa se perder. A seu desfavor tinha ainda o facto de entender pouco. Mas sobretudo a seu favor tinha o facto de que não entender era o seu limpo ponto de partida.”

Clarice Lispector; A Maçã no Escuro; Relógio d’Água; pág. 144, 145

A hora da canção

WILCO - MORE LIKE THE MOON



I see you in the morning
Wearing only one shoe

I say, I see you've lost something
What're you gonna do?

You say but no, I found one
There's another out there for you

I see us all as customers
Holding no purchase so far

Collapsing galaxies
Feathered with falling stars

I see us all as something
But nothing like we truly are

Why don't you come to me now
More like you are

I know we should be grateful
Everything is falling apart

Everything is breaking
And it lifts my heart

To see you as an angel
As some ghostly work of art

Why don't you come to me now
Know who you are

Tuesday, September 16, 2008

São Pedro das Águias II

o
o
São Pedro das Águias é um pequeno eremitério românico localizado no concelho de Tabuaço. Construído pelos monges beneditinos passou depois para a Ordem de Cister. Capela única, preciosa e pequena, com a porta principal voltada à eloquente escarpa de xisto e as costas voltadas ao vale verde e fechado, onde no fundo corre o límpido rio Távora. Concentração de sentido que nos abre para acolher os extremos que Torga reflecte no seu poema.

Monday, September 15, 2008

São Pedro das Águias

São Pedro das Águias


Entre a capela e o rio,

Indecisa, a poesia…

Vaguear na corrente?

Sonhar num capitel?

Ou manter-se fiel

Aos dois acenos:

À paz e à inquietação,

À inércia e ao movimento,

Sem ir e sem ficar?

Vela

De moinho de vento

Presa ao chão, a voar…

Miguel Torga, 9 de Maio de 1971

Thursday, September 11, 2008

urbanidade

“As melhores reflexões acerca da natureza da grande cidade viram-se forçadas a contrariar o mito da proximidade, mito em que a alienação, a impessoalidade ou a frieza corporizavam o mal, e que se revelou incapaz de entender os benefícios libertadores e culturais da convivência com estranhos. Um dos grandes contributos de Simmel foi precisamente demonstrar que aquilo que a crítica conservadora entendia como anonimato, alienação, desinteresse e decadência era, na verdade, uma condição para o desenvolvimento individual.”

Innerarity, Daniel; A nova Urbanidade; JA 231

A cidade como organismo democrático que permite a livre expressão da individualidade, que cultiva a tolerância, que admite o desenvolvimento do exótico, que permite a diferença, porque:
o meu merceeiro, não conhece o meu médico, que não faz parte da minha família e não é médico dos meus colegas de trabalho, nem amigo dos pais dos meus filhos, nem professor, nem meu colega no ginásio, nem meu vizinho, nem .......

Tuesday, September 09, 2008

pensar, não pensando

“ O ser humano é uma criatura pensante, mas as suas grandes obras realizam-se quando ele não pensa nem calcula”( D.T. Suzuki), ou seja, “ pensa, embora não pensando”. E este “não pensar” é o pequeno grande segredo a que se deve aspirar, fonte da coisa única, a face do inimitável e do irrepetível”.

Moreira, José Guardado; Ecos do Japão; Revista LER; Junho de 2008

Monday, September 08, 2008

A Minha Senhora

As da minha vida, chamam-se Rosalina, Rosa, Beatriz,… e hoje são quase inexistentes. A Rosalina acompanhou-me quarenta e oito anos. Andou comigo ao colo e sempre me chamou menina. Foi para casa da minha Avó com treze anos e lá morreu com oitenta e um.

“A minha Senhora.” Era e é sempre assim que se referem à dona da casa onde trabalham. Vivem realmente numa espécie de escravatura, hipotecam o futuro, estas mulheres – memórias vivas do passado.

À Rosalina, história que conheço bem de perto, tentamos recuperá-la para a família. Passou a comer à mesa connosco, a ter todos os direitos e carinhos que se dão a uma avó. Mas ela fazia questão em manter o seu lugar, esquivando-se a mimos, que julgava inadequados à sua condição. Nunca cortou o cabelo, que amarrava no tradicional puxo, resistia a sair de casa e enjoava nas viagens de carro ou de camioneta, nunca foi à praia, nunca foi a Lisboa. Era a guardiã da casa, da qual só saiu uma dúzia de vezes, as mais delas, para o hospital – andava sempre aos tombos. Continua lá, sentada no banco da cozinha a descascar feijões ou ervilhas, que dividia em saquinhas para dar aos meninos.

Cozinhava como ninguém, mas fazia também as suas aldrabices que, mesmo depois de detectadas, raramente confessava.

Restam ainda algumas sobreviventes. Vieram “da terra” para servir e adoptaram de corpo e alma a “ Minha Senhora e os Meninos”.

O que pensam estas mulheres da vida delas? O que sabemos nós, os meninos, das vidas delas?

Saturday, September 06, 2008

cartas e dedicatórias

Há algum tempo que a correspondência entre Sophia e Sena repousava na minha mesa de cabeceira e era recurso para dias especiais. Hoje acabei de as ler, mas continuarão recurso para dias especiais. Porque são especiais, são boas, são sérias e reflectem uma relação de amizade comovente.
Cartas, reflectia, gosto de cartas, gosto de escrever cartas. Mas as cartas implicam distância. Se eu escrever uma carta para o meu parceiro(a) do lado, é mau sinal. A carta é um modo de comunicação para quem está longe. Na carta misturam-se notícias com reflexões, expressam-se sentimentos. Os mails não substituem as cartas.
Dedicatórias, tenho vindo a perceber a sua importância. No fim deste livro coleccionam-se as dedicatórias de Sena para Sophia - elas marcam o tempo, marcam os livros e compõem a vida.

Thursday, September 04, 2008

Aquele Querido Mês de Agosto - Miguel Gomes

“Porque é que os portugueses não sabem parar?” Foi esta a pergunta que me assaltou quando saí do filme. Às tantas generalizei. Mas eu não sou muito conhecedora do cinema português mais recente.

Quanto a mim este perde por ser longo demais. Sobretudo porque a última parte, a que torna o filme enfadonho, é a pior. Todos nós, os quatro que fomos ver o filme, tínhamos um momento certo, cerca de meia hora antes do final, para terminar - era naquele baile em que a música se referia ao título.

A ficção está realmente a mais. Com isto não quero dizer que o filme se devia reduzir ao documentário ( o que o torna mais interessante é essa mistura entre documentário e ficção, entre a realidade e a sua representação) mas quero dizer que a ficção poderia ser desenvolvida a partir da preparação para a sua produção. Depois, bastaria a exposição do tema do melodrama, até porque ele é muito pobre e débil.

De resto divertimo-nos. Rimo-nos, quase desbragadamente, perante o nosso retrato. É um retrato português e é um retrato credível. Chega mesmo a ser brilhante na maneira como nos prende durante mais de duas horas sem cansaço.

Deixa-me um pouco apreensiva os mais novos aderirem tão facilmente a esta imagem de Portugal!

Tuesday, September 02, 2008

escritas

" E contou-me que escreve poemas. Que todas as vezes que escrevia era como se resolvesse um problema, depois ficava livre."
"Mandei-lhe uma boca" ; Olga Gonçalves; Caminho; 3ª edição Abril de 1987


É tanto assim, às vezes!

Monday, September 01, 2008

repetições

“- (…)Um romance de amor vive da repetição, e a repetição converte um apetite em arte. Além disso, cada vez que se ama é a única vez que já se amou. A diferença no objecto do amor não altera a integridade da paixão. Só lhe dá mais intensidade. Na melhor das hipóteses podemos ter na vida apenas uma experiência magnífica, e o segredo da vida está em reproduzir essa experiência tantas vezes quanto possível.
- Mesmo quando ela nos magoa Harry? – perguntou a duquesa, após algum silêncio.
- Especialmente quando nos magoou – respondeu Lord Henry.”

O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde; Colecção Novis; Visão; pág 223