Tuesday, July 31, 2007

O Silêncio dos Livros

Não sei se sou capaz de contar a reviravolta que este pequeno ensaio provocou. O amor pelos livros, a paixão pelos livros – senti-me retratada, senti-me possessa, percebi como a leitura (não leitura de trabalho) toma conta de mim e me ilude, transporta, me abre o tal “silêncio só meu” que posso manter fazendo as tais outras tarefas diárias: o que li continuará fervilhando no meu pensamento.

“ O erudito, o verdadeiro leitor, o fazedor de livros, vive saturado pela intensidade terrível da ficção. Por formação, fica predisposto a identificar-se de maneira mais intensa com as realidades textuais, com a ficção.” George Steiner, mas também Michel Crépu, na reflexão centrada em Em Busca do Tempo Perdido, que ainda me perde.

“ O que é a literatura? Um lugar que não é lugar, um tempo que não se mede pelo tempo, uma língua que não é linguagem. Esse lugar, esse tempo e essa língua podem tornar-se objecto de desejo, permitem pressentir uma forma particular de conhecimento, ou talvez de revelação” Esse vício ainda Impune, Michel Crépu integrado no "Silêncio dos Livros" editado pela Gradiva em Junho de 2007.

Monday, July 30, 2007

outros registos


Trienal de Arquitectura de Lisboa


Não posso fazer qualquer post oficial no site da Trienal porque simplesmente não vi o Pólo I- o Pólo por excelência.

Vi os outros dois. Vi o que me apetecia ver e fiquei com umas réstias de sentimento de culpa, como profissional, por ter cedido à tentação de uma “imperial” fresquíssima numa esplanada em vez de…

Siza é Siza e sabe bem à alma, aparte as fotografias serem más (ou mal impressas) e a Serpentine ter sucumbido ao calor do espaço. A organização do espaço pareceu-me bem e a selecção das obras interessante. Sem a pretensão que é tão comum à nossa colectividade profissional.

O Pólo II, que visitei por interesse pessoal, pareceu-me bem no modo de exposição da secção destinada às áreas metropolitanas. Menos bem quanto ao conteúdo. Levanta-me uma questão: organizar uma exposição mais que projectar a forma é construir o conteúdo de um modo legível e apreensível. Não chega dizer que o tema é o “vazio urbano” e deixar quase totalmente aos participantes a definição do conteúdo. Os textos são cada um de sua nação, compridos e maçadores; os projectos seleccionados muito díspares e pouco coesos no conjunto; a grande percentagem de planos, mal expostos e mal explicados ( e um plano é sempre difícil de explicar). Por isso a exposição parece mais uma feira de vaidades do que uma mostra das áreas metropolitanas. Como pode um projecto como o do Metro do Porto estar ausente, enquanto tal, da exposição? É ou não o projecto mais relevante e mais estruturante da região?

Mas talvez seja mesmo assim: não temos áreas metropolitanas temos conjuntos de municípios, cada um por si.

Do outro lado, na secção destinada ao sector imobiliário, achei a concepção de um mau gosto atroz. Dei umas voltas por entre cortinas e panos tensos para dar de caras com Foster ou outros protagonistas inesperados desta cena. Mas não é hora para percorrer qualquer labirinto, nem momento para descobrir o minotauro- é apenas a I Trienal de Arquitectura de Lisboa.

No Polo I, uns contentores azuis, à entrada expulsaram-me do recinto e fui cair à esplanada para a já apresentada imperial.

Espero que daqui por três anos se volte a realizar, para fazer jus ao nome e para melhorar…

Saturday, July 28, 2007

a MINHA cozinha

Porque é que eu gosto de arrumar a cozinha?
Já tentamos mudar os hábitos, fazer escalas para contrariar o "machismo" e inverter o secular papel da mãe. Mas, sempre caímos no mesmo. Acabo de jantar e levanto-me. Arrumo escrupulosamente a cozinha, de imediato. Só quando tenho visitas é que a ordem cronológica dos factos se inverte. Então, gosto de ficar sentada na conversa à mesa... mas a cozinha é MINHA. Dá-me uma enorme satisfação fazê-lo diariamente, com o ruído da casa por fundo. Hoje com o meu DJ mais novo (que se está a exceder em imaginação e aprumo)! Nos outros dias, os das visitas, o arrumar da cozinha é o arrumar das ideias. O intervalo que pontua a rotina, que estabelece a ponte para o outro estádio: a leitura, o trabalho, a arrumação lúdica ( aqui entendida como deitar fora jornais, revistas ou livros seleccionando matérias), ou simplesmente a preparação para a noite de sono ou de sonhos!
Boa noite.

Wednesday, July 25, 2007

mudança de paradigma

Do paradigma da complementaridade ao paradigma da individualidade. Se no século passado, tendo como fundamento a cultura judaico-cristã realizávamos o Homem, com o sentido do dois em um(homem+mulher=um), essa meta/missão (na linguagem contemporânea) desvanece-se. Infelizmente apenas para aquela extensa minoria.

Se no final do século passado e princípios do século XXI, prevalece o paradigma da individualidade, confundido com o do individualismo (não raras vezes egoísmo, egocentrismo, narcisismo), acredito que só daremos o salto quando nos centrarmos na complementaridade múltipla. Recordo a reflexão sobre trabalho de equipa e transformo-o em respeito pela liberdade individual que se realiza paralelamente à realização colectiva.

Do lado dos afectos também. Eu, que sou eu, bebo em muitas fontes, preciso de múltiplos sabores para colorir a minha pessoa( a que gosto de chamar alma). Cada um na sua especificidade e para cada um, o respeito pela sua integridade e liberdade.

Esta reflexão apenas sentido no mundo ocidental, naquele em que não se pensa que, em quanto se luta pela sobrevivência, os nossos queridos morrem de fome, de SIDA ou de uma simples gripe por falta das drogas banais que a curem.

Tuesday, July 24, 2007

Queria.

Queria ter a posição dos claustros
A posição do monge antigo que os varre
A posição do moribundo que pergunta as horas
A posição das árvores quando as crianças sobem
A posição dos ramos quando os ninhos nascem
A posição de alguém que já não mora. Queria
Como se tivesse
A posição da casa e alguém me visitasse.

Daniel Faria

prendas

Regressei. Pelo meio de muitas experiências, de nós as duas, o fim-de -semana fluiu na pacatez das horas.
"Como as demais produções humanas, os livros são portadores de uma história, história essa cujos primórdios continham já em germe a possibilidade ou a eventualidade de um fim."George Steiner na contra-capa de "O silêncio dos livros". Cá chegou e eu lá chegarei, a lê-lo, em breve. Sabe quem sabe e sabe-me bem, em todos os sentidos.

Thursday, July 19, 2007

novidade

Quando a minha parceira se decidir passaremos o conta-mina a fundo preto, porque...
leiam o que diz este site http://www.treehugger.com/.

Por isso vou passar a usar este google www.blackle.com/.

Wednesday, July 18, 2007

ele e a arte

A última decisão da casa... contra as expectativas (será?) artes, novamente. O neófito lá foi parar. Qual o futuro, não sabemos... mas as artes, cá estão sempre. Penso: A arquitectura é a mais científica das artes. É preciso ter bons espaços para se viver bem. Continuo a acreditar que a qualidade ou a não qualidade dos espaços modifica as pessoas. E agora há as energias, as acústicas, as térmicas ... tudo contribui para a qualidade do espaço e a qualidade de vida. A nossa casa não será indiferente à escolha : artes. Sempre disse que a nossa casa é bonita. Pode não ser um modelo de conforto, mas é um espaço luminoso que se transforma a cada momento: com a luz, as pessoas, os cheiros, a música.
Mas a arte pura, como a matemática pura, como a música erudita ou clássica, são tão essenciais ao Homem como a ciência .... ou a ciência na arte - a arquitectura. E se ele escolhesse pintar ou esculpir? Porque é que agora essa Arte perde amantes? A Arte - sei que ele em todas as qualidades para criar.

Tuesday, July 17, 2007

pela manhã

Às voltas com a manhã. Umas quantas decisões tomadas na hora apenas pelo apetite. E depois...coincidências. Antena dois e um magnífico poema de Ruy Belo interpretado, não menos magnificamente, por Luís Miguel Cintra. Fiquei em êxtase. Felizmente pude gozar 30 minutos de solidão na minha sala antes de chegar o bulício da manhã. O poema encontrei-o dito no regresso a casa, no meio dos livros da minha biblioteca. Oferecido pelo meu irmão mais velho - será que ele sabia? dona isabel freire, em granada, no ano de 1526. Falta-lhe a música, que estava lá de manhã e estará lá... outra vez pelas mãos da Joana. Amanhã.

Monday, July 16, 2007

Lady Chatterley de Pascale Ferran

Fomos ao cinema ver Lady Chatterley, que a Joana já tinha visto. Durante o longo filme uma pergunta pôs-se-me: o que seria possível cortar sem que ele perdesse intensidade? Quando saímos a pergunta surgiu. Também ela se pôs a L.

É difícil perceber como tornar o filme menos longo. É um filme construído de contextos, onde as paisagens, as flores, as ervas, as árvores, as roupas, os gestos, aparentemente supérfluos, participam do erotismo presente –sempre presente e mais presente do que latente. A evolução da relação lê-se nos olhos, nas mãos (impressionantemente animadas dela – finas e grandes - e rudes e directas dele), lê-se em cada passo refeito, em cada repetição do gesto anterior que avança um pouco mais.

Esta é uma história universal e intemporal. Tão nossa – tão perdida num tempo em que a os actos tendem a confinar-se ao presente e à repetição apenas. Aqui o aprender o corpo é a dois, é para além dele, na ousadia da dádiva.

Gostei … gostei muito, apesar do cansaço e vou lembrar-me deste filme muitas vezes para sobreviver ao quotidiano.

Saturday, July 14, 2007

Sem título

não me lembro da cidade, do mês e do dia em que a tirei.

descontraidamente

É sempre assim. Digo ao meus amigos que sou como o tempo nos Açores: no mesmo dia faz sol, está enevoado, chove e volta a fazer sol. Vou arranjando motivos para esquecer os maus momentos e vertê-los em energia. Ocupo-me mental e fisicamente. Por isso as famosas "depressões" em mim, para já, não pegam. ( agora bato com os nós dos dedos na mesa para esconjurar o mau agouro, gesto que nunca fiz, mas consta da inexperiência e dos livros). Penso e repenso. Penso com a minha cabeça e tento pensar com a dos outros. Desconstruir - nada mais pós-moderno e por isso nada mais do meu tempo - eu que me fiz adulta na pós-modernidade.
E o fim de semana constrói-se por entre as férias dos outros, na inconsciência dos actos que conscenciosamente excluo do meu quotidiano. Este será verdadeiramente fim de semana porque não tenho qualquer tarefa confiscada ao dever para me entreter ... apenas estar a quatro... ou a quem mais vier por bem.

Friday, July 13, 2007

reedição

Giovani Drogo continua às voltas com o tempo na sua espera intemporal que devora o tempo.
Bach desenrrola-se nas cordas do viloncelo - as suites para...
O meu filho pergunta-me: Mãe por que me fizeste de porcelana?
Está na altura de reeditar aqui um poema que escrevi para a irmã:

Boneca de linho, o que fazes?
Porque reeditas sentimentos?
Levas-me contigo
e não sabes que as tuas penas
são momentos.
Sombras do pecado ancestral
Sempre eco
de uma culpa irreal
Que torna a angústia em tensas linhas
Montadas em redes finas
Tecidas na mesma malha das minhas.

A pergunta:

( sempre uma miragem):
Como é possível viver assim,
Em terreno de alta voltagem
Rumo ao horizonte sem fim?

Wednesday, July 11, 2007

a irremediável fuga do tempo

“ A vida é como a recta do Mindelo. Quando olhamos para trás já não sabemos onde é que ela está.” Há dois anos transcrevia esta frase do Sr Albino para um post neste blog.
Leio "O deserto dos tártaros" de Dino Buzzati, do qual a Joana já falou.
"... justamente naquela noite principiava para ele a irremediável fuga do tempo. (...) E assim se prossegue caminho numa esfera confiante, e os dias são longos e tranquilos, o Sol brilha alto no céu e parece nunca ter vontade de chegar ao ocaso.
Mas a certa altura, quase instintivamente, voltamo-nos para trás e vemos que uma cancela se fechou nas nossas costas, obstuindo-nos a via do regresso. Então sentimos que algo mudou, o Sol já não aprece imóvel, desloca-se rapidamente, ai de nós, nem temos tempo de o fixar pois já se precipita no confim do horizonte; apercebemo-nos de que as nuvens já não ficam estagnadas nos golfos azuis do céu, foram encavalitando-se umas nas outras, tal é a sua urgência; percebemos que o tempo passa e que também a estrada um dia deverá terminar."

Dino Buzzati; O deserto dos Tártaros; Cavalo de Ferro; Pág 50

Sunday, July 08, 2007

casamento

Ontem fui a um casamento. Ao fim de algumas fotografias a bateria da máquina acabou. Problemas da falta de prática. Agora tive alguns problemas para passar esta fotografia para aqui porque não tenho instalado neste computador o programa que me permite mudar o tamanho das imagens. Estou a ficar uma expert. No entanto a minha cabeça e a minha vontade são muito mais céleres que as informáticas adaptadas...quero fazer tudo depressa e faço asneiras. Mas parece que desta vez não resultou mal.

Friday, July 06, 2007

Os Arcade são de FOGO!



Enquanto as palavras extraordinário, grandioso, fenomenal, religioso não assentam para criar frases decentes sobre os Arcade Fire que vimos no SBSR, deixo-vos um videozinho da noite. Reparem naquele público. Ali, salto eu, a mãe, o pai, o P., a L., o N., o L., a M. e a S.. E como não saltar?

mulheres

Novamente hoje, para deixar um texto que me transformou pela manhã, vindo de uma amiga querida. Só é pena que não tenha sido enviado por nenhum homem...daqueles que nos amam e admiram. À parte algumas referências, que sofrem o problema da continentalidade, sinto-me perfeitamente retratada ( ou gostaria que assim fosse!)

AS MULHERES DA MINHA GERAÇÃO

………elogio profundamente merecido!

Hoje têm quarenta e muitos anos, inclusive cinquenta e tal, e são belas, muito belas, porém também serenas, compreensivas, sensatas e sobretudo diabolicamente sedutoras, isto, apesar dos seus incipientes pés-de-galinha ou desta afectuosa celulite que capitoneam as suas coxas, mas que as fazem tão humanas, tão reais.

Formosamente reais. Quase todas, hoje, estão casadas ou divorciadas, ou divorciadas e casadas, com a intenção de não se equivocar no segundo intento, que às vezes é um modo de acercar-se do terceiro e do quarto intento. Que importa?

Outras, ainda que poucas, mantêm um pertinaz celibatarismo, protegendo-o como uma fortaleza sitiada que, de qualquer modo, de vez em quando abre as suas portas a algum visitante.

Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

Nascidas sob a era de Aquário, com influência da música dos Beatles, de Bob Dylan, de Lou Reed, do melhor cinema de Kubrick e do início do boom latino-americano, são seres excepcionais.

Herdeiras da revolução sexual da década de 60 e das correntes feministas, elas souberam combinar liberdade com coqueteria, emancipação com paixão, reivindicação com sedução.

Jamais viram no homem um inimigo, apesar de lhe cantarem algumas verdades, pois compreenderam que a sua emancipação era algo mais do que pôr o homem a lavar a louça ou a trocar o rolo do papel higiénico quando este tragicamente se acaba.

São maravilhosas e têm estilo, mesmo quando nos fazem sofrer, quando nos enganam ou nos deixam.

Usaram saias indianas aos 18 anos, enfeitaram-se com colares andinos, cobriram-se com suéteres de lã e perderam a sua parecença com Maria, a Virgem, numa noite de sexta-feira ou de sábado, depois de dançar El Raton com algum amigo que lhes falou de Kafka, de Neruda e do cinema de Bergman.

No fundo das suas mochilas traziam pacotes de rouge, livros de Simone de Beauvoir e fitas de Victor Jara, e, ao deixar-nos, quando não havia mais remédio senão deixar-nos, dedicavam-nos aquela canção, que é ao mesmo tempo um clássico do jornalismo e do despeito, que se chama “Teu amor é um jornal de ontem”.

Falaram com paixão de política e quiseram mudar o mundo, beberam rum cubano e aprenderam de cor as canções de Sílvio Rodriguez e de Pablo Milanez, conhecerem os sítios arqueológicos, foram com seus namorados às praias, dormindo em barracas e deixando-se picar pelos mosquitos, porque adoravam a liberdade e, sobretudo, juraram amar-nos por toda a vida, algo que sem dúvida fizeram e que hoje continuam a fazer na sua formosa e sedutora madureza.

Souberam ser, apesar de sua beleza, rainhas bem educadas, pouco caprichosas ou egoístas. Deusas com sangue humano. O tipo de mulher que, quando lhe abrem a porta do carro para que suba, se inclina sobre o assento e, por sua vez, abre a do seu companheiro por dentro.

A que recebe um amigo que sofre às quatro da manhã, ainda que seja seu ex-noivo, porque são maravilhosas e têm estilo, ainda que nos façam sofrer, quando nos enganam, ou nos deixam, pois o seu sangue não é suficientemente gelado para não nos escutar nessa salvadora e última noite, na qual estão dispostas a servir-nos o oitavo uísque e a colocar, pela sexta vez, aquela melodia de Santana.

Por isso, para os que nascemos entre as décadas de 40 e 60, o dia da mulher é, na verdade, todos os dias do ano, cada um dos dias com suas noites e seus amanheceres, que são mais belos, como diz o bolero, quando está você.

Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

(escrito por Santiago Gambôa, escritor Colombiano)


Thursday, July 05, 2007

Trienal de Arquitectura de Lisboa

A Cultour vai organizar uma visita à Trienal de Arquitectura de Lisboa. É uma oportunidade única de visitar três dos quatro polos da Trienal num dia só. Não se deixem ficar para o último dia, porque se não tivermos trinta e cinco inscritos não pode realizar-se... e depois vão na última sózinhos ver, apressadamente, o que podiam ter visto descontraidamente. Somos boa companhia e organizamos bem a visita.
Digo isto porque hoje fui ao fim da tarde preparar a visita ao polo III, a exposição monográfica de Siza Vieira. Estou certa de que vale a pena. O Castanheira (comissário da exposição) ofereceu-me um livro, que está lá à venda com últimos projectos de Siza. Podem ter a certeza de que ele é mesmo bom, inultrapassável. Prometo dedicar-me à visita, se decidirem dar-me o privilégio de a fazer. Inscrevam-se em http\\www.cultour.com.pt.

No Público de hoje " Noite memorável com Arcade Fire", como sabem eu (nós) estive(mos) lá.

Arcade fire e outros

Muito cansada. Duas viagens de trezentos quilómetros, uma noite arrebatadora e duas horas de sono intermitente e enganador. À procura dos canadianos. Foi por eles que fui, porque intuitivamente me conquistaram. Fui atrás de uma intuição que se confirmou, para lá da música, ou de qualquer atitude racional. As discussões sucedem-se cá em casa. Conflito de gerações? Gerações em conflito ou apenas sensibilidades em tempos cronológicos diferentes à procura de um mesmo sentido? Dizem os mais novos, o que aos mais velhos lhes custa a admitir, apenas porque são mais velhos: " A partir de certa altura que interessa ouvir se tocam bem ou mal, que interessa perceber cada instrumento..." o que fica é a música e a emoção pura... que apesar da diferença de idade nos leva ao mesmo sítio.

comentário paralelo: os festivais de verão, que nada tem a ver com os de há vinte e cinco anos, são um local mágico e confortável. Sabem a férias. Foi bom o reencontro.

Tuesday, July 03, 2007

Arcadefire

Amanhã vou vestir-me de uma forma confortável.
Amanhã vou reactivar experiências de um outro modo...
25 anos mais velha e num colectivo, pelo menos, interessante.
Vamos os dois, os pais, com os dois filhos e a mãe solteira, mergulhar num outro mar.
O que nos leva? Arcadefire. Espero ansiosamente, mas descontraidamente, pela experiência.
" Oh amigo cala-te, há quanto tempo é que não vais?" Resposta: "Já sei que não percebo nada."
Percebemos ainda. "Não podes fazer isso amanhã!" My body is a cage...

Sunday, July 01, 2007

O último concerto

Desculpem os eruditos, mas não gostei do concerto que encerrou o Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso - Kazuhito Yamashita Quartet.
Não gostei da música, não gostei do ambiente. Se o ambiente influenciou a audição, com certeza, mas não só... não foi só isso.
A sala não tem condições: é ruidosa, é mal insonorizada. O público, mais parece que ia para uma audição escolar ou para uma festa da paróquia. Os ataques de tosse cavernosa desprendiam-se de qualquer lugar e misturavam-se com o ranger das cadeiras. Tudo para nos distrair do som do palco e nos concentrar nos ruídos da sala. ( Aguardo ansiosamente a construção do novo auditório, o Cineteatro de Santo Tirso))
O quarteto chocou-me na sua composição - um pai e três filhos menores, muito menores, vestidos com roupas surreais, a roçar o folclórico (seria? ). Uma música ocidentalizada onde sobre vem a orientalidade, mais pelo modo de abordar o instrumento do que pela composição.
Esse modo de abordar o instrumento foi a novidade. Uma guitarra deus, parte do corpo e fora dele, intocável e intangível. A doçura dos sons inaudíveis evaporam-se para lá das paredes da sala. Mas este modo de interpretar exige outra envolvente. Sem ela o anacronismo e o insólito fizeram-se presentes e desceu sobre mim um acontecimento de alguma forma obsceno.