Saturday, August 29, 2009

marmelada e geleia 2009



Aqui está o trabalho de casa.

Bibliografia

Preparo as aulas que irei começar em breve. A bibliografia é um capítulo. Ando às voltas com os livros que me vêm à memória e com outros que os autores que leio referenciam. O que leio nunca me satisfaz pelo todo. São sempre partes, experiências pessoais e limitadas, que se conceptualizam em ideias.
Penso: o conhecimento total, que nos leva à ideia total, não existe. Por isso, tudo o que leio advém da teorização/reflexão/conceptualização sobre a limitada experiência e conhecimento humanos, de quem os produz. Assim o mais relevante para a teorização é a experiência, o conhecimento empírico, transformado em conceito.
Quanto maior for a nossa experiência mais completo será o nosso conceito, mais sintética será a nossa reflexão. Com sintética refiro a complexa e condensada - simples.
Deduzo: mais importante para a produção do conceito é o método e não a experiência/ conhecimento. Se tivermos um método um modo estruturado de pensamento o resultado será sempre um conceito interessante e diferente, quanto o são as nossas histórias e contextos.
Concluo que o importante na biografia que irei utilizar é a diversidade de abordagens, o relato de experiências, matéria sobre cada qual deverá refletir para produzir os alicerces necessários à criação.

Monday, August 24, 2009

mar

Acabei ontem, hoje, pelas quatro da manhã "O Templo Dourado". Há um ano lia "O retrato de Dorian Grey". "O Templo Dourado" fez-me lembrar "O Retrato de Dorian Grey". " Do ponto de vista do conhecimento a Beleza não é nunca um consolo. Pode ser uma mulher, pode ser uma esposa, não é nunca um consolo. Porém, do casamento do conhecimento com essa Beleza que não é um consolo, alguma coisa nasce. Algo de efémero, semelhante a uma bolha, contra o qual não podemos fazer absolutamente nada. Sim, algo nasce; e é aquilo a que as pessoas chamam ARTE." Pág. 192
Hoje levei para a praia o livro e reli passagens, sob o céu cinzento que o mar absorvia todo. Mergulhei no mar, no céu e na terra, na água. Aliei conhecimento e beleza - fiquei reduzida a uma alga que se enreda no mar.

Thursday, August 20, 2009

hoje, de manhã

Como sempre ouvia a antena 2. Fiquei no parque de estacionamento até que...
" Vida intensa e breve
- pensou a lebre saltando
sobre as ervas do mundo"
assim ouvi o poema de José Agostinho Baptista. Não sei a métrica, ouvi-a deste modo e responderam-me duas das três pessoas a quem o mandei. A mensagem de uma não divulgo por descrição, a de outra divulgo:
" Caem os sonhos um a um
e o sangue estremece.
Caem e ficam no chão
De quem os morde e os esquece.

Farto da seiva, do dia
amadurece."
Eugénio de Andrade

Um dos tais momentos em que o tempo se dilata até ao infinito!

Coisas fixes que merecem ser postadas



Vanessa Redgrave no genérico Inicial do Howards End.

Tuesday, August 18, 2009

a teia

Quando a teia se aperta constrói um tecido.
Às vezes a teia deve ser larga. É bom que o seja. Cada ponto, cada entidade vagueia na teia, vê-a, deriva, dança... quando está a cair a teia aperta e a entidade agarra-se a um nó. A teia alarga, a entidade é livre, descai controladamente. Há sempre um nó por perto. A teia construímo-la e constrói-se, por si só, sem darmos conta. A teia é mais real que a entidade. A teia existe......................a entidade volatiliza-se!

Tuesday, August 11, 2009

hoje

Isto complica-se. O sol aperta. finalmente o calor de verão apela a outros hábitos...de férias! Hoje, depois de um daqueles imponderáveis a que todos, os vivos, estamos sujeitos, fui passear pela Avenida - Espaço T. Gostei.
Gostei da ideia, gostei de algumas das personalizações, sobretudo as mais conceptuais. Nomes conhecidos, desconhecidos, mas nomes. Personagens, o mais interessante é que sejam indiferentes, multi, como agora se usa, multidão. são tantos que a imagem que fica é a de tantos, apenas e somente.
Nos hiatos do dia lembrava-me do meu Tio.Da dignidade que sempre representou ( representar, até parece que era teatro!) mas não! Representou no sentido de referência. O meu tio que na festa dos cinquenta anos de casamento disse a diferença: Não te amo porque preciso de ti. Preciso de ti porque te amo. Hoje a minha tia, uma Senhora, suspirava e dizia " Não era isto que eu queria!" Ninguém deseja a morte dos que se amam.

Thursday, August 06, 2009

de musil a mishima

“ Não faço a mínima ideia!” respondi eu; e tentei descobrir quais as razões que me levavam a sentir tanta satisfação em semear a dúvida no espírito das pessoas. Para mim, pelo menos, não existia sombra de dúvida; o caso era claríssimo: os meus sentimentos também tinham o seu gaguejar! Havia sempre uma diferença temporal entre o facto e eles. Consequentemente, havia de um lado a morte de meu pai e do outro a minha tristeza, nitidamente separados, isolados, sem a mínima interferência. O mais pequeno desvio, o mais leve atraso e, infalivelmente, o facto e a reacção afectiva seriam separados, o que em mim é provavelmente um estado fundamental.
O desgosto que sinto, quando existe desgosto, cai-me em cima sem dizer “água vai!” e sem razão; é totalmente independente de um acontecimento ou de qualquer causa.” O templo Dourado; Yukio Mishima; Assírio e Alvim; pág.39/40
Vagueio nos espaços entre Musil e Mishima, apesar de tudo a todas as horas.

Tuesday, August 04, 2009

as férias dos outros

Quando todos os outros foram, estão ou vão de férias, refugio-me na ideia deque as minhas férias serão as dos outros! Complicado, muito complicado. Perspectivava uma semana em cidade da europa, à deriva lá para Outubro. Parece que não. Tudo se conjuga para me manter presa aqui pelo menos até Fevereiro de 2010.
Fugas: aproveitar ao máximo os fins de semana para banhos de mar; não faltar às aulas de yoga; guardar o máximo de tempo para ler ficção; encontrar espaços dentro do tempo.
Hoje estive meia hora dentro do carro com o livro na mão e com os ouvidos na música entrecortada por Ruy Belo: "À margem da Alegria" dedicado a Pedro e Inês.
Será que este blog continuará a ter lugar?