Wednesday, December 31, 2008

Fim de ano

O final de ano é apenas uma convenção: a partir da qual contamos o tempo. O tempo universal, porque o nosso é contado de outro modo, a partir do final de cada ano de vida, ou das primaveras que já vivemos. Por isso não acho graça a este festejo mas não deixo de aproveitar para fechar as contas, fazer o balanço, arrumar gavetas, deitar papéis fora. Assim foi e está a ser também este ano de 2008.
Ouvir a Tabacaria nesta magnífica interpretação é também um balanço: porque eu ao contrário da Joana, identifico-me bastante com Álvaro de Campos: ponho os olhos lá fora e apesar de entender a lógica do mundo sinto-me completamente desfasada " ... tudo é sonho, como coisa real por dentro."

Monday, December 29, 2008

Tabacaria, Álvaro de Campos



Eu não sou fã de Álvaro de Campos, não sou. Mas o Álvaro de Campos mais do fim até... até me enternece, até me toca, até me encaixa. Esta versão de Tabacaria é da Maria do Céu Guerra e é bonita. Chegou pelos filhos e pelos amigos até mim. Fico feliz por tê-la aqui.

Friday, December 26, 2008

Família

Já aqui abordei o tema: família.
Sem nos darmos conta o conceito de família tradicional, pai, mãe e filhos é substituído por outros: famílias mono-parentais, famílias de casais homosexuais, famílias constituídas por irmãos, famílias às quais às vezes se juntam pessoas que sem terem laços de sangue são como se tal fossem ( crianças adoptadas, empregadas que vivem toda a vida nas casas onde prestam serviços,…).
Tudo isto me faz reflectir sobre o que é mais importante na constituição de uma família: os laços de sangue ou os laços afectivos? Uma família é o que é e não a conformidade com um modelo ou um esquema. E as famílias de opção, constituídas por aqueles que nós escolhemos para connosco partilharem tudo na vida, sem papel passado, sem filiação expressa em BI, sem qualquer benefício fiscal, são as mais vivas e as mais reconfortantes, porque assentes na dádiva. Com o pai dos meus filhos estou por opção, enquanto quiser e isso me satisfizer. Aos meus pais e aos meus filhos estarei sempre e visceralmente ligada – e por isso afectiva e efectivamente serei pertença e pertencente.O pai dos meus filhos será sempre uma circunstância na minha vida, os meus pais e os meus filhos uma evidência permanente e inegável. Mas se na minha vida, o pai dos meus filhos é circunstância, na vida deles é evidência e desta forma estará sempre ligado colateralmente a mim!
Dádiva, conceito tão alheio às contemporâneas sociedades: aqui onde tudo tem que ter retorno ou benefício. Agir sem esperar o resultado de agir. Agir como se o momento do acto fosse a única coisa que interessa: porque o que interessa é a coincidência de corpo e mente no presente agindo.
( Há tantas maneiras de expressar isto: Fernando Pessoa, Sophia a par dos gurus orientais que se nos revelam em cada esquina…)

O presépio mais bonito


O presépio em casa dos meus avós é o mais bonito. Senta-se sempre na prateleira ao lado dos livros e foi-se transformando ao longo dos tempo. Melhor, foi-se afinando. Lembro-me de se escurecerem as nuvens e de se furar a ursa maior e menor, de se dourarem pequenos pedaços da cidade e de se escolherem luzes para que tudo brilhasse. As figuras também são as mais bonitas. Um bonito Jesus e uma bonita Maria e um bonito José, mais umas ovelhinhas. Adoro-o.

Wednesday, December 24, 2008

Feliz feliz feliz natal


Feliz feliz Natal aos meus e aos da Maria e aos de ambas e a todos os que por aqui passam e aos dos que por aqui passam. Aos que estão longe, aos vizinhos, aos gordos e aos magros, e aos altos, claro, aos baixos, aos de estatura média, aos aborrecidos, aos demasiado interessantes, aos que gostam de ler e aos que gostam de ver televisão. Aos bichinhos e aos bichinhos cá de casa (beijinho no Samurai), às plantinhas e às árvores. Feliz Natal, feliz feliz Natal.

Sunday, December 21, 2008

People are strange...

....pelo menos no Porto.

Saturday, December 20, 2008

natal alternativo

Só a andar contra a corrente é que a gente sobrevive! Reeditando um sábado de 2007, este ano percorremos o Porto, como só o fazemos quando estamos fora de Portugal: com olhos e coração aberto à procura das portas que se nos abrem e das paisagens que se nos apresentam.
D. Pedro V, D. Manuel II, Miguel Bombarda, Infante D. Henrique, Avenida, D. João I, Passos Manuel, Cândido dos Reis, Cordoaria, Passeio das Virtudes, Viriato, D. Manuel II, D. Pedro V - do meio-dia às 19.45 horas.
Sobrevivi à FNAC, a maior tortura do dia, para conhecer a loja da UP e aprender com a exposição de fotografia do Centro Português de Fotografia:“O Livro Vermelho de Um Fotógrafo Chinês” de Li Zhensheng.

Friday, December 19, 2008

sofrimentos

Sofrer: é emocional e também pode ser físico.
Dor: tem uma conotação física. Mas também pode haver dor só emocional?
Sofrer nunca é só físico.

Wednesday, December 17, 2008

Monday, December 15, 2008

Prendas

O que mais gosto nas prendas - de outros para mim ou de mim para outros- é o tempo que perdem ou que perco com elas. É assim que gosto de receber prendas, sem valor comercial mas com valor afectivo: prendas escolhidas e trabalhadas especial e especificamente para a pessoa: aquela, a única! É por isso especialmente gratificante recebê-las, com sentido, com dedicatórias, com o coração. Sou realmente uma mulher feliz e espero, sinceramente, fazer os outros felizes com a minha atenção feita em prendas.Recebi muitas e belas prendas: livros, música, queijo em forma de bolo de anos,chá, adereços exóticos importados de memoriais viagens, uma begónia ( planta memória das casas das nossas avós), palavras e sacos cheios de cereais e alfazema e ... uma magnífica bola de natal!

Parabéns Maria!


hoje (ontem) fizeste muitos e bons anos, não é?

Sunday, December 14, 2008

coincidências

Continuando com as coincidências:
Nada mais apropriado para comentar o meu post de ontem que este estrato que apareceu às primeiras linhas da leitura matinal:

"Façam o que fizerem os homens – diz ela-, o que sentiram quando o fizeram permanece ali. Se foi para fazer dinheiro, vai cheirar a dinheiro. É por isso que estas casas são tão feias, continuam nelas todas as economias com que as ergueram. É por isso que as catedrais são tão belas, as damas e os nobres vestidos de veludo e arminho, arrastam pedras pelas rampas. Pensa num pintor. Põe-se diante da tela com tinta no pincel. Seja o que for que se pense, quando faz o seu traço, se está cansado ou aborrecido… ali ficará. A mesma cor… mas senti-la-emos como impressões digitais, como a caligrafia. O homem é um meio para transformar as coisas num espírito e transformar o espírito nas coisas.”

Fala de Jill, personagem de
Regressa Coelho; Jonh Updike, Pág.156; Civilização Editora

Saturday, December 13, 2008

A Casa e a Música- Olivier Messiaen

Messiaen "era fascinado pelo som e a cor dos sons como um fim em si mesmo. Assim a sua música mais característica consiste em sucessões de afirmações musicais directas, sem transição." Eu gosto, eu gosto muito... e foi isso que eu ouvi, mas muito mais do que isso! Se Deus existe, e Messiaen era profundamente crente, Ele esteve presente na Casa da Música hoje de tarde. A ONP e sobretudo Stefan Asbury, foram interpretes da vontade divina feita momento. Verdadeiramente místico e telúrico o movimento que saído da terra, pela mãos dos instrumentos, nos envolveu. Nunca tinha visto de maneira tão evidente e voluntariosa o silêncio tornar-se música: o maestro obrigava ao silêncio no final de cada andamento e esses segundos/minutos de contemplação eram um tempo para além do tempo ( desconheço se eles estão inscritos na partitura).
"Et exspecto ressurectionem mortuorum" não sei se vou voltar a viver esta experiência ainda que volte a ouvir esta obra. Pena que a sala estivesse a menos de metade e eu ficasse com o bilhete por utilizar.

A Casa e a Música no Natal

Para mim hoje foi "Visions de l'Amen" de Messiaen por Nina Schumann e Luís Magalhães. Para a Maria, saberemos mais logo.

Eu gosto de diálogos. Gosto muito. E gosto das palavras. Gosto muito. E gosto de expressões e movimentos. Gosto muito. Agora imaginem as palavras mais bonitas. Messiaen são as palavras mais bonitas. Agora imaginem o diálogo mais recíproco. Visions de l'Amen é o diálogo mais recíproco. Agora imaginem os corpos mais expressivos. Nina Schumann e Luís Magalhães são os corpos mais expressivos. Agora imaginem a sala vermelha, as cadeiras pretas e roxas e aquela cortina a deixar entrar a luz retalhada e os pianos de cauda a encaixarem um no outro - uno. A minha hora do almoço de hoje foi outra vez assim, como há dois anos. Desta vez, eu sem mãe e a M. sem filha. E é Natal.

Thursday, December 11, 2008

Meryl Streep - The winner takes it all



Se o videoclip dos ABBA para a The Winner Takes it All fosse este bocado do filme, eu gostaria dos ABBA. Visto que já partilhei este bocadinho convosco torna-se quase desnecessário verem o filme (que é uma sequinha) porque esta é a melhor cena dele. A mestria da Meryl está em todo o lado.

Tuesday, December 09, 2008

Feijões

Acabei de ouvir na televisão: é um jogo a feijões em que o feijão está bastante caro. Só queria anotar isto porque é, de facto, (a)notável.

Monday, December 08, 2008

Musa


Eu não queria mesmo postar esta fotografia, mas não aguentei.

A Casa e a Música (2)




Também eu regressei à Casa em dia de muita chuva. Mais uma edição de clubbing, uma de pessoas menos conhecidas e, por isso, as salas só a metade do que se tinha visto na edição anterior.
Ólafur Arnalds acolheu-nos com o seu inglês marcado da Islândia, fez-nos sentar no chão (sentar no chão no clubbing?) e seguir com ele pelas paisagens sonoras, de cordas e teclas e batidas, da islândia. Parece-me impressionante que aquela ilha tenha uma identidade tão própria e marcada, pela qual podemos ligar todos os actos musicais de lá provenientes (björk, sigur rós, múm são os nomes sonantes, mas também estes mais pequenos) e, no entanto, cada um criar um universo constelar próprio, orbitando sobre sua própria experiência e interior. Deve ser a luz de verão e a falta dela no inverno e a neve e as termas e a pequenez das suas cidades, não sei.

Seguiram-se os The Faint e confesso que tinha feito razoavelmente mal o trabalho de casa de os conhecer, por não me chamarem especialmente. Tinha lido que eram bastante interessantes em palco e não se confirma. Se interessante é mexerem-se sempre da mesma maneira durante todas as canções então terei de reformular este conceito. Se interessante é estragar (quase) todas as músicas depois da introdução então preciso mesmo de rever o conceito de interessante. Encontrei-os aborrecidos, fazendo saltar apenas meia dúzia de pessoas mais tocadas pela música, com "style" a mais, a torná-los presunçosos, americanos foleiros e irritantes. É, no entanto, de realçar o facto de as projecções em palco dos senhores serem bastante (e aqui sim) interessantes. Mas não, não foi para mim.

E pirámo-nos para uma salinha onde tínhamos toys will be toys e claro toys! e música com brinquedos. Os rabos alapados nas escadas, esperando todas as vezes mais uma surpresa e susto vindo de um qualquer barulho estranho desencadeado por brinquedos que os meus primos tiveram. Se é música não sei. Mas é performance e deu-nos muito gozo. Se tiverem oportunidade de ver, vejam.

Com a noite a acabar, mas não a chuva, os também islândeses Gus Gus, invadiram o bar em formato dj set, abriram a pista de dança com sigur rós e abusaram bem da linha de baixo. Teria dançado muito mais não fosse o chão a colar-se às sapatilhas e o sono a começar a pesar no olhos. Mesmo assim, Gus Gus é bom.

(mais fotografias aqui. e note to self: escrever sobre o deslocamento da pop.)

A Casa e a Música

Regressei à Casa em dia de muita chuva para me acolher nos seus envolventes tentáculos: físicos e sonoros. Esperava-me Leif Ove Andsnes, até sábado, para mim totalmente desconhecido. Beethoven, Schönberg e Mussorgski preencheram o concerto, mais dois extras. Foi em Mussorgsky que o pianista mostrou o seu virtuosismo. Potente e seguro, pelo menos sob a minha perspectiva.
Fica-me no entanto uma dúvida que, suscitada por críticas de especialistas sobre outros músicos, me assaltou neste concerto. Será que o tecnicismo não se impõe à emoção e à sensibilidade?
Isto porque apesar de materialmente arrebatador o concerto não me arrebatou. Ou seria da escolha do repertório?

Saturday, December 06, 2008

Qualidade de Vida

O meu macbook pro chegou e pôs-me a pensar. Como designer, aprendi que os objectos devem facilitar-nos a vida e como pessoa aprendo que os objectos devem tornar a nossa vida mais leve, encaixar no que já temos, ser mais uma peça do puzzle. Agora, com o computador novo, parece-me tudo bastante simples, como se ele tivesse sido feito para mim e para esta casa. Também a casa parece ter sido feita para mim. E quando as coisas encaixam, a vida parece ligeiramente mais perfeita. A minha máquina fotográfica é amiga do meu computador, que é amigo da minha loiça de pequeno almoço, que é amiga do meu caderno que, por sua vez, é amigo dos meus livros. Os meus livros são amigos das minhas janelas, que são amigas das minhas pessoas, que são minhas amigas e eu sou amiga dos meus cobertores. E, assim sim, assim quero ser designer.

Friday, December 05, 2008

Balão vermelho.

O Illustration Friday pediu balão e teve balão. 
Vermelho.

Thursday, December 04, 2008

A minha vez



Granada (Alhambra), Sevilha e Mérida - particularidades!

Sevilha


dois bocadinhos menos convencionais.

Wednesday, December 03, 2008

O quadrilátero

Redes, confiança, parceria, cidades criativas, cidades inteligentes, visão estratégica. participação, liderança, redes de produção, sistemas, monitorização, inovação, cluster, pólos de competitividade, nós, talentos, expectativas, atractividade, apropriação, alavancagem, governança. Se quiseres ser moderno e ter sucesso usa estas palavras, não interessa o que querem dizer.
Assim foi o meu dia, mas não só, diverti-me imenso quando no fim da sessão o convidado para fazer a conclusão dos debates destruiu publicamente o conceito do projecto. Ainda há gente com coragem e determinação!

Mérida