Quando, há muitos anos, passávamos grande parte do verão em Melcões o calor via-se no ar: os contornos da aldeia tremiam quando passavam pelo filtro do ar quente. O meu avô Francisco, de barriga proeminente, camisa arregaçada e calças subidas suspensas em suspensórios, sentava-se no alpendre à espera da "fresquinha das três". Às três da tarde, invariavelmente, corria uma brisa que refrescava o corpo ... e a alma. Confirmámo-lo nós também os netos que, eram obrigados a fazer a sesta para dormir! Enganávamos as horas a contar os pregos do tecto de ripas de madeira.
Hoje o "tecto" baixou. O céu está perto. O céu está azul débil. Estamos fechados no tempo e no espaço... desta casa em Setembro do dito ano de 2009.
Às três horas correu a fresquinha da tarde.
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