Sempre. Ainda a propósito da transcrição de Óscar Wilde e de Sempre.
Embora não concorde, ou não remeta directamente a acepção do Sempre para o género, feminino ou masculino, o certo é que nós (aqui não sei se falo no nós mulheres) o Sempre é um mito, um paradigma, um objectivo e por isso também um motivo de sofrimento. O sempre estraga tudo. Quando pretendemos eternizar o momento num desejo de possuir a eternidade: do estado, do sentimento, do momento, hipotecamos a sua vivência real e completa, pela garantia efémera de uma promessa. De que vale o para sempre se referido ao futuro?
Referido ao passado, constata uma evidência; referido ao presente é, é imanente, está; referido ao futuro é um cheque em branco que ninguém deveria passar: não é bom para quem o passa, porque provavelmente estará a mentir, nem para quem o recebe, porque é uma mentira piedosa que pretende prender o outro garantindo um pretenso (in)certo futuro.
Mas é bonito ouvir dizer “Hoje, é para sempre.”.
Amanhã poderá não ser: mas hoje o presente é futuro! O presente tem assim uma dimensão infinita. Não um infinito cronológico, temporal, ou geométrico, mas um infinito físico medido em intensidade.