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Thursday, September 16, 2010

Colombia e colombianos

Motivada pelos comentários que li em posts anteriores arrisco acreditar na bondade destes lugares e por isso escrevo, ainda, sobre a Colômbia.
Depois de voltar, com um livro oferecido na bagagem, li-o de imediato: " El olvido que seremos" de Hector Abad Facciolince. Relato comovente, profundo e pedagógico de Hector sobre a sua família, destinado a honrar a memória do seu pai. Para mim, mãe e educadora, que têm dúvidas, como acontece a todas as aspirantes a boas mães, este livro disse-me muito. Recordo-me de relatos, passagens carinhosas, cheias de imparcialidade dedicada, que me orientam nas duras tarefas do dia a dia. Dar um beijo ruidoso e impulsivo a um filho, quando ele, racionalmente mereceria um "grande puxão de orelhas", pode ser a atitude mais eficaz. Educar é, antes de mais, sermos expressivos testemunhos de paixão pela vida e incondicionais amantes dos nossos filhos, no melhor e no pior "todos os dias da nossa vida".
Agradeço aos colombianos - apaixonei-me por eles e por Bogotá.
Muito bem escrito, além do mais. Li-o na língua original.

Wednesday, February 03, 2010

A sala de vidro - Simon Mawer


Algumas coisas boas chegam-nos assim às mãos!

Monday, August 24, 2009

mar

Acabei ontem, hoje, pelas quatro da manhã "O Templo Dourado". Há um ano lia "O retrato de Dorian Grey". "O Templo Dourado" fez-me lembrar "O Retrato de Dorian Grey". " Do ponto de vista do conhecimento a Beleza não é nunca um consolo. Pode ser uma mulher, pode ser uma esposa, não é nunca um consolo. Porém, do casamento do conhecimento com essa Beleza que não é um consolo, alguma coisa nasce. Algo de efémero, semelhante a uma bolha, contra o qual não podemos fazer absolutamente nada. Sim, algo nasce; e é aquilo a que as pessoas chamam ARTE." Pág. 192
Hoje levei para a praia o livro e reli passagens, sob o céu cinzento que o mar absorvia todo. Mergulhei no mar, no céu e na terra, na água. Aliei conhecimento e beleza - fiquei reduzida a uma alga que se enreda no mar.

Saturday, July 11, 2009

Mau tempo no Canal

Queria lê-lo. Comprei-o na Feira do Livro do Porto. Deu-me imenso prazer. Ao lê-lo lembrei-me de Clarice Lispector, Tomasio Lampedusa, Sophia ( para não falar dos recorrentes Eça ou Camilo que os franceses conheço mal). mar, terra, gente, gente do mar, gente mar, cucumaria abyssorum.
Foi-me um pouco difícil entrar, porque entrei pela janela. Mas à medida que o apanhei, ou me deixei apanhar, percebi (me). Aquela capacidade de ao mesmo tempo ser personagem e espectador, ser actor e dilactor, dissonâncias que encontram contraponto e morrem no âmago da maré. Excelentemente escrito. Nunca, puras descrições, me deram tanto prazer. Excelentemente inscrito no contraciclo da vida. Prolonguei uma semana o final da leitura e revolte-ei-o já muitas outras vezes. Muito bom e fez-me muito BEM.

Sunday, March 29, 2009

É assim a força da Primavera

“Em Outubro passado eu ia de automóvel para norte de Boston. O céu estava tão azul que cegava, e a estrada atravessava uma zona de floresta. As folhas dos bordos estavam vermelhas, não de um vermelho ferrugem, mas cor de fogo. O ar cheirava a árvores e a mar e era como se o mundo tivesse acabado de nascer. Cada lufada de ar era como um trago de whisky puro. Tive de parar o automóvel. Era como se o meu corpo cantasse. E a maneira de andar das americanas…Não sei estão a ver, mas é como se o vento as empurrasse pela popa.”
“Anno Domini”; George Steiner; Edição Gradiva; Pág 196

Sunday, March 01, 2009

Coelho

Acabei esta semana de ler o terceiro volume da tetralogia de John Updike sobre Harry Angstrom, Coelho. Não lerei para o já o quarto porque não foi editado em português e o meu inglês não justifica tamanho sacrifício de leitura na versão original.
A normalidade em toda a sua irreverrência - a descodificação dos nossos pensamentos mais rasteiros, que não admitimos, que arrumamos para um canto, que cuidadosamente guardamos no limbo das nossas emoções. Aqui estão eles, descritos preciosamente, minuciosamente, com um realismo inacreditável e por isso mesmo extremamente libertador de qualquer culpa. Se o acusam de racista, machista ou misógeno na minha opinião é porque fazem uma leitura preconceituosa e superficial do conteúdo das personagens: elas são o que são, humanas, às vezes estúpidas, às vezes racistas, às vezes inocentes, às vezes preversas - elas são excelentes, são reais.
A leitura de Updike foi uma das coincidências que transformou a minha vida, porquê perguntará quem o leu? Quanto a mim pela maneira como decompõe o comportamento humano, por isso na linha de Proust.
Parece que finalmente me puseram James Joyce no caminho, contra o previsto, iniciarei a leitura de Ulisses.

Sunday, December 14, 2008

coincidências

Continuando com as coincidências:
Nada mais apropriado para comentar o meu post de ontem que este estrato que apareceu às primeiras linhas da leitura matinal:

"Façam o que fizerem os homens – diz ela-, o que sentiram quando o fizeram permanece ali. Se foi para fazer dinheiro, vai cheirar a dinheiro. É por isso que estas casas são tão feias, continuam nelas todas as economias com que as ergueram. É por isso que as catedrais são tão belas, as damas e os nobres vestidos de veludo e arminho, arrastam pedras pelas rampas. Pensa num pintor. Põe-se diante da tela com tinta no pincel. Seja o que for que se pense, quando faz o seu traço, se está cansado ou aborrecido… ali ficará. A mesma cor… mas senti-la-emos como impressões digitais, como a caligrafia. O homem é um meio para transformar as coisas num espírito e transformar o espírito nas coisas.”

Fala de Jill, personagem de
Regressa Coelho; Jonh Updike, Pág.156; Civilização Editora

Saturday, September 06, 2008

cartas e dedicatórias

Há algum tempo que a correspondência entre Sophia e Sena repousava na minha mesa de cabeceira e era recurso para dias especiais. Hoje acabei de as ler, mas continuarão recurso para dias especiais. Porque são especiais, são boas, são sérias e reflectem uma relação de amizade comovente.
Cartas, reflectia, gosto de cartas, gosto de escrever cartas. Mas as cartas implicam distância. Se eu escrever uma carta para o meu parceiro(a) do lado, é mau sinal. A carta é um modo de comunicação para quem está longe. Na carta misturam-se notícias com reflexões, expressam-se sentimentos. Os mails não substituem as cartas.
Dedicatórias, tenho vindo a perceber a sua importância. No fim deste livro coleccionam-se as dedicatórias de Sena para Sophia - elas marcam o tempo, marcam os livros e compõem a vida.

Sunday, August 03, 2008

O Leopardo

O livro é de casa dos meus pais. Fui buscá-lo para o emprestar a um amigo. Num intervalo de leituras programadas decidi lê-lo. Em boa hora. Um livro único em todas as acepções, porque também foi o único romance do autor, o Príncipe de Lampedusa.

Aqui o Príncipe de Salina, que tão bem recordo na figura de Burt Lencaster.

“D. Fabrício conhecia desde sempre aquela sensação. Havia dezenas de anos que ele sentia o fluído vital, a faculdade de existir, a vida em suma, talvez até a vontade de viver, desprendo-se de si, vagarosa mas continuamente, como os pequenos grãos de areia que escorregam um a um, sem pressa e sem detença, pelo estreito orifício da ampulheta. Em certos momentos de actividade intensa, de grande atenção, esse sentido de contínuo abandono desaparecia para reaparecer, imperturbável, nos fugazes momentos de silêncio e de introspecção: tal como um zumbido contínuo nos ouvidos ou como o bater de um pêndulo se impõe quando todo o resto se cala; e, nesse momento, apercebemo-nos de que eles sempre ali estiveram, vigilantes, mesmo quando não se ouviam.

(…) A sensação, de resto não andava, de princípio, ligada a qualquer mal-estar. Muito pelo contrário, esta imperceptível perda de vitalidade era a prova, a condição, por assim dizer, da sensação de viver; para ele, afeito a escrutar espaços exteriores ilimitados, a explorar vastíssimos abismos interiores, aquilo estava bem longe de ser desagradável: era o sentimento de um esboroamento contínuo, miudinho, da personalidade, acompanhado porém da vaga esperança de que, algures, essa personalidade se reconstruiria (obrigado, Senhor!) menos consciente mas mais ampla.(…)”

O Leopardo; Tomasi di Lampedusa; Capítulo VII, Pág 277/278; Colecção Autores Universais; Livros do Brasil

Friday, July 25, 2008

meia-noite

Deixei-me transportar pelo livro, longo e contraditório, indescritível nas sensações que foi provocando: de espanto, de dúvida, de incredibilidade, de sentimentos ... os últimos capítulos tiveram sobre mim o poder de gerar lágrimas que rolaram lentas na mornidão da casa ao princípio da noite. Ficou a paz comum, feita de coisas comuns, a paz doce da vida que é...
" Aprendemos tantas coisas quando envelhecemos. E, todavia, todo esse conhecimento... tudo isso, desaparece quando morremos. Parece-me um desperdício tão horrível. (...)
" Provavelmente, as lições mais importantes temos de ser nós próprios a aprênde-las sozinhos."
O pastor não viu que o cesto "vazio" estava cheio de lindas coisas do céu , que a mulher lá tinha metido para ambos. " A tampa do cesto são os teus olhos. Quando eu olho lá para dentro vejo coisas "lindas, lindas - tudo aquilo que lá puseste durante toda a tua vida. Até Violeta que conheceste quando eras criança lá está. Está lá para ti sempre que quiseres. Mas o segredo é que ela não pode sair para este mundo. O destino dela é permanecer só dentro de ti. De facto sempre que tentas fazê-la sair ela morre."

Escrito a propósito de Meia-noite ou o princípio do mundo de Richard Zimler