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Monday, November 10, 2008

Nouvelle Vague @ Teatro Sá da Bandeira




Foi com surpresa que encontrei os Nouvelle Vague tão deliciosos no Sá da Bandeira ontem. O início da noite complicado fez-me perder um bom bocado da primeira parte (“o seu nome não está na guestlist”, “o seu nome está na guestlist”, “não, dizem que o meu nome não está na guestlist”, “ó enganei-me no seu nome”, “essa menina pode entrar”) e entrar numa sala cheia de gente até às paredes, toda ela já derretida com a menina Mélanie Pain. Lá consegui furar pela direita e encontrar um lugarzito que me permitisse as fotografias que me ofereceram o bilhete.

Mélanie Pain, que abriu para Nouvelle Vague, é também Nouvelle Vague e os Nouvelle Vague são muitos. Mais duas raparigas a cantar, mais um rapaz gingão pretinho, mais o José sempre a dedilhar cordas, mais gentes nas baterias e violinos. O engraçado dos Nouvelle Vague é eles virem de vários sítios para cantar músicas compostas por outros (as ditas covers) e fazerem-nas suas e não suas. O engraçado dos Nouvelle Vague é eles serem bons músicos e improvisarem a todas as horas. O engraçado é terem sempre boas luzes a pintar o palco.

O engraçado é também cada uma das vocalistas ter uma personalidade própria: a docinha (Melánie) a sexy (Marina) e a com ar de louca (nome?); e cada uma recriar um ambiente próprio que pode e deve conjugar-se com o ambiente das outras. E conjuga, aquele palco é vida e vida e nós ficamos deleitados.

O engraçado é o concerto ter começado há meia hora e o palco já estar cheio de público que os próprios Nouvelle Vague fizeram subir e na loucura sempre a entoar, de forma exuberante e juvenil, que estavam too drunk to fuck. O engraçado é ver todo o povo a mexer a anca (o que seria improvável na versão original dos Blondie) ao som da Heart of Glass e ver o marear de corpos e cabelos, de um lado para o outro. O engraçado é ver o exorcismo de Marina e deixar-nos estupefactos em Bella Lugosi Dead dos Bauhaus. Ou toda a gente que desata a cantar a Sweet Dreams dos Eurythmics, mesmo que não contasse com ela na setlist. Engraçado é ver os corações todos a abrirem ao som de Love Will Tear Us Apart, dos (nossos queridos) Joy Division. Vê-los a cantar baixo ou a gritar a letra de Ian Curtis, conforme as alturas. Engraçado é ver como o coração continua ainda aberto em In a Manner of Speaking. Engraçado somos nós todos a cantar relax don’t do it, when you wanna come do it mesmo antes de sair da sala. Engraçado é serem eles a conduzir-nos por esta viagem que faz a noite transformar-se em coisa curta e de segundos. Engraçado é fazer uma viagem pelos hinos da (nossa) vida com um som novo e um palco mágico à frente.

Penso, se não tivesse resolvido o meu problema de entrada, se o meu nome não existisse mesmo na guestlist, se tivesse ficado em casa, tinha perdido dos grandes concertos do ano e, relembro, este ano já vi Bob Dylan, Björk, Primal Scream ou dEUS, Nick Cave, Róisín Murphy, Chemical Brothers e Tindersticks e muitos mais. Ainda bem que o problema se resolveu, ainda bem que a máquina fotográfica se transformou em bilhete. Os Nouvelle Vague são muito mais do que poderíamos pensar. Enchem muito bem todos os corpos de balanço e vontade e energia!

Nota: quando eu e a Mariana chegámos à baixa para o concerto constámos um imenso reboliço em torno de todas as salas de espectáculo e bares pelos quais passámos. Um Porto ressuscitado a uma noite de sábado, cheio de oferta, vivo e a respirar com muita vontade. Aqueceu-nos muito e a mim apeteceu-me andar de t-shirt.