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Saturday, January 23, 2010

temporada de 2010

Depois de duas desilusões, no início do ano, voltei hoje à Casa da Música.
Voltei à casa que conheço. Um público sereno mas sedento daquilo que de especial o lugar e o contexto oferecem. Concerto número para piano de Chopin interpretado por Boris Giltburg ( só dois anos mais velho que tu Joana!)
Pelo meio do cansaço e do sono, presença permanente no início do fim de semana,levou-me. Fez-me bem. Depois Dvorak. É interessante que Dvorak já foi um dos meus compositores favoritos - hoje não.

Sunday, February 01, 2009

Jovem pianista

Piotr Anderzewski é ainda muito novo por isso me seduziu com a sua contenção. Sempre acho que os pianistas muito novos têm alguma dificuldade em controlar o vigor e brindam-nos muitas vezes com interpretações que mais parecem fogo de artifício. Mas hoje não foi assim e, sobretudo na segunda parte, Anderszewski, foi capaz de me surpreender entre o vigor e a mais eloquente discrição. A sala estava acolhedora nesta invernosa tarde.

Friday, January 16, 2009

Murray Peraya

Na minha ignorância atrevo-me a dizer que foi dos pianistas que mais gostei de ver tocar. Pela sensibilidade, pela sobriedade, pela entrega... Tudo decorreu na maior descrição porque ele toca como respira: suavemente mas também com imenso vigor. Colorido, de diferentes matizes, com diferentes intensidades. Muda de ritmo na continuidade, passa do piano ao forte sem rupturas,encanta-nos tão só.
Quanto ao reportório não poderia ser mais consensual: Bach, Mozart, Beethoven, Brahms. Bach para elevar, Mozart para encantar, Beethoven para deslumbrar, Brahms para apaixonar.
A Casa cheia. É bom ver, mas melhor também estar.

Sunday, January 11, 2009

Concerto de ano novo

Este foi o nosso concerto de ano novo e o início da temporada de 2009 na Casa da Música: ONP, sexta feira às 21 horas: aquele dia frio e de neve que todos recordaremos pela vida fora.
É interessante perceber como, de todo o programa, o que menos me(nos) cativou tivesse sido a sinfonia do Novo Mundo. Ela, que noutros tempos foi referência para continuar a percorrer os caminhos da música erudita. Bonita, idílica, harmoniosa ... agora diremos, em demasia, para quem encontra na música contemporânea o grande motivo de descoberta. Por isso György Ligeti foi quem mais prendeu a nossa atenção no concerto de sexta-feira.
Não deixa contudo de ser interessante a mistura de tempos e concepções num único concerto levando, à traição, alguns a treinarem os seus ouvidos para outras sonoridades. A Casa estava cheia e continua luminosa como sempre.

Saturday, November 22, 2008

À volta do barroco

Tenho andado À Volta do Barroco. Confesso que não muito seduzida. Não posso esquecer dois concertos do ano passado: La Petite Bande e Andreas Steir.
A surpresa chegou hoje com a Orquestra Barroca da Casa da Música. Huw Daniel seduziu-me.
A minha noite de ontem para hoje meteu-me num túnel: passo pelas coisas sem lhes tocar, uso-as sem as sentir, as pessoas estão afastadas de mim por penumbras, membranas finas que as mantém noutro mundo; durante pequenos lapsos de tempo o mundo foca, as imagens coincidem para logo a seguir as perder novamente. Acordei com dores de cabeça que foram crescendo.
Nada melhor para me fazer sair deste túnel que o concerto para violino n.º 2 de Bach com por Huw Daniel por solista. Bach é realmente a síntese e o mais extraordinário é que hoje continua ainda a ser a síntese - no meu sentir.
( Não posso ser injusta e não referir os dois concertos da semana passada de que gostei, Cantus Cölln e Concerto Palatino e Tallis Scholars, sobretudo estes últimos que encheram o domingo de manhã)

Monday, November 10, 2008

Nouvelle Vague @ Teatro Sá da Bandeira




Foi com surpresa que encontrei os Nouvelle Vague tão deliciosos no Sá da Bandeira ontem. O início da noite complicado fez-me perder um bom bocado da primeira parte (“o seu nome não está na guestlist”, “o seu nome está na guestlist”, “não, dizem que o meu nome não está na guestlist”, “ó enganei-me no seu nome”, “essa menina pode entrar”) e entrar numa sala cheia de gente até às paredes, toda ela já derretida com a menina Mélanie Pain. Lá consegui furar pela direita e encontrar um lugarzito que me permitisse as fotografias que me ofereceram o bilhete.

Mélanie Pain, que abriu para Nouvelle Vague, é também Nouvelle Vague e os Nouvelle Vague são muitos. Mais duas raparigas a cantar, mais um rapaz gingão pretinho, mais o José sempre a dedilhar cordas, mais gentes nas baterias e violinos. O engraçado dos Nouvelle Vague é eles virem de vários sítios para cantar músicas compostas por outros (as ditas covers) e fazerem-nas suas e não suas. O engraçado dos Nouvelle Vague é eles serem bons músicos e improvisarem a todas as horas. O engraçado é terem sempre boas luzes a pintar o palco.

O engraçado é também cada uma das vocalistas ter uma personalidade própria: a docinha (Melánie) a sexy (Marina) e a com ar de louca (nome?); e cada uma recriar um ambiente próprio que pode e deve conjugar-se com o ambiente das outras. E conjuga, aquele palco é vida e vida e nós ficamos deleitados.

O engraçado é o concerto ter começado há meia hora e o palco já estar cheio de público que os próprios Nouvelle Vague fizeram subir e na loucura sempre a entoar, de forma exuberante e juvenil, que estavam too drunk to fuck. O engraçado é ver todo o povo a mexer a anca (o que seria improvável na versão original dos Blondie) ao som da Heart of Glass e ver o marear de corpos e cabelos, de um lado para o outro. O engraçado é ver o exorcismo de Marina e deixar-nos estupefactos em Bella Lugosi Dead dos Bauhaus. Ou toda a gente que desata a cantar a Sweet Dreams dos Eurythmics, mesmo que não contasse com ela na setlist. Engraçado é ver os corações todos a abrirem ao som de Love Will Tear Us Apart, dos (nossos queridos) Joy Division. Vê-los a cantar baixo ou a gritar a letra de Ian Curtis, conforme as alturas. Engraçado é ver como o coração continua ainda aberto em In a Manner of Speaking. Engraçado somos nós todos a cantar relax don’t do it, when you wanna come do it mesmo antes de sair da sala. Engraçado é serem eles a conduzir-nos por esta viagem que faz a noite transformar-se em coisa curta e de segundos. Engraçado é fazer uma viagem pelos hinos da (nossa) vida com um som novo e um palco mágico à frente.

Penso, se não tivesse resolvido o meu problema de entrada, se o meu nome não existisse mesmo na guestlist, se tivesse ficado em casa, tinha perdido dos grandes concertos do ano e, relembro, este ano já vi Bob Dylan, Björk, Primal Scream ou dEUS, Nick Cave, Róisín Murphy, Chemical Brothers e Tindersticks e muitos mais. Ainda bem que o problema se resolveu, ainda bem que a máquina fotográfica se transformou em bilhete. Os Nouvelle Vague são muito mais do que poderíamos pensar. Enchem muito bem todos os corpos de balanço e vontade e energia!

Nota: quando eu e a Mariana chegámos à baixa para o concerto constámos um imenso reboliço em torno de todas as salas de espectáculo e bares pelos quais passámos. Um Porto ressuscitado a uma noite de sábado, cheio de oferta, vivo e a respirar com muita vontade. Aqueceu-nos muito e a mim apeteceu-me andar de t-shirt.

Saturday, November 01, 2008

Róisín Murphy live (Optimus Alive! vs. Casa da Música)



Dois concertos com condições completamente distintas: em Julho uma tenda, ainda nem era bem noite, uma barreira imensa entre o público e o palco, como em qualquer festival, e as pessoas a circular, o tempo de concerto contado até aos segundos; ontem uma sala pequena e chique cheia de pessoas que ali estavam só para a ver, sem distância entre palco e audiência, a lembrar as pequenas salas de Manchester, tarde o suficiente (muito tarde!) para tornar a coisa ainda mais sexy, mas a poder durar horas e horas. O resultado foram dois concertos distintos e sobre os quais vou tentar não escolher por ser quase impossível: um fulminante, uma rápida pastilha do melhor da pop e da performance; o outro uma injecção demorada dessa mesma pop futurista, com ligeiros intervalos para todos respirarmos, ganharmos fôlego, descansar os olhos daquela mais saborosa cabeleira loira.

Se, em Julho, Róisín Murphy trocou tantas vezes de roupa como ontem, então fê-lo mais rápido, com um ritmo estonteante, sem tempo para a música parar. Hora e meia de cantar e trocar de roupa e dançar e seduzir. E é provável que em Julho a senhora tenha mudado de roupa tantas vezes quanto ontem. Essas mudanças de roupa foram, ontem, demoradas, estudadas, com pessoas a segurar o ambiente por ela e ela a surpreender-nos sempre com uns óculos novos, ou um casaco estúpido (sendo que em róisín estúpido significa extraordinário e lindo!).

Também a diferença de público sortiu enfeito na cantora. Se em Julho tinha, à frente, maioritariamente uma enchente feminina, ontem tinha um fifty/fifty bem arrojado. Inclui: um puto de 10 anos, alguns fotógrafos, gajos de óculos de massa, um rapaz que pronto, uma gaja como eu (ou que era eu), e aqueles putos do porto pertencentes àquelas coisas ou, seja, subgrupos desta nova cultura urbana ou qualquer coisa do género (o electropop, as calças justas e cheias de cor, a tshirts com decote em v). E, em Róisín Murphy, as pessoas que se encontram à frente podem mudar um concerto, porque a senhora é provocadora, adora eye contact e até contact, puro e duro, ao que parece. Canta sempre a olhar para alguém ou quase sempre. Se no alive! visto a população feminina ornamentar toda a primeira fila e o único homem ser homossexual ela me ter eleito (e não, não estou a ser convencida) como o alvo principal dos seus olhos muitas vezes, ontem com tanto homem, só lhe apanhei os olhos a sério uma vez. Esta dispersão de olhares e atenção, no entanto, fez de ontem um concerto mais provocador. Houve mãos, houve cantar mesmo ali ao nosso lado, houve pequenos lamas a beijar meninos e quase que houve um trambolhão (e eu até já tinha esticado a minha mão para a agarrar!).

Outra das coisas que fez do concerto de ontem altamente diferente do de Julho foi a interpretação das canções e o alinhamento em si. Se no alive! tivemos hit after hit, sendo as canções lentas normalmente do último álbum (leia-se Scarlet Ribbon), e até um Forever More dos falecidos Moloko a rebentar-nos o corpo e a espalhá-lo dançante por todo o lado; ontem houve muito mais Moloko mas nenhum hit dos mesmos, muito menos Overpowered e muito mais Ruby Blue. Houve muitas canções mais lentas. Nota-se que, depois de tanto tempo em tournée com Overpowered, o espetáculo está a mudar e assumir novas formas, novos corpos, novas linhas. Assim, nenhuma das músicas foi tocada na versão original pelo que pensei, muitas vezes, estar a ouvir um concerto mixado. A Ramalama apareceu no fim a rebentar toda a sala, a fazer flashar as luzes e as pessoas e o pequeno (rama)lama que Róisín trouxe as costas.

Se me obrigarem a escolher (e isto só acontece com uma pistola encostada à cabeça ou uma faca no pescoço) escolheria o concerto do alive! como meu concerto preferido de Róisín Murphy. Mas afastando o meu coração um bocadinho, o concerto de ontem foi exemplar no que toca à pop mais refinada: bem montado, estético, provocador e sexy, todas as pessoas extremamente bonitas em palco, bem tocado. Foi até provavelmente melhor que o do alive!. Acho que tenho em mãos um daqueles concertos que cresce com o tempo e quanto mais tempo passar mais gostarei dele. Hoje acordei a pensar naquelas horas.

Só uma nota: Róisín, nós não precisamos de saber que gostas de homens ou que gostas mais do Porto do que Lisboa porque o Porto é um rapaz e Lisboa uma rapariga. És capaz de ter estripado alguns sonhos de pessoas naquela sala. Desnecessário. Provocador. Gosto. Sorriso.

Thursday, October 30, 2008

Sou cor de róis-ín!




Amanhã vou ver esta miúda, já não nos Moloko, mas ainda assim a ser extraordinária todos os dias. E tenho a certeza que vou adorar. Já no ALIVE! foi uma loucura futurista, amanhã, na casa da música, será loucura de certeza, outra vez. E é gira. E é sexy. Bastante. Muito. Go, Róisín, go!

Saturday, October 18, 2008

A casa e a Música

Há algum tempo que não ia à casa da música. Hoje estive quase para não ir, mas ainda bem que fui. Nada melhor que um concerto para entrar numa introspecção centrada que nos atira para fora de nós. Não foi sempre assim e tive alguns momentos de distracção, sobretudo na primeira parte, de que gostei menos. Nela, Nicolai Lugansky, tocou Janácek e Chopin, o concerto nº3. Na segunda Liszt de que gostei muito. Não sou perita na arte para apreciar bem, mas não me soou ao tecnicismo que normalmente é apanágio dos jovens músicos, talvez não dos da escola russa.
A Casa da Música estava cheia e soube ver de dentro o cair da tarde.

Saturday, March 15, 2008

A maestrina

Regressei à Casa da Música para ver e ouvir a ONP interpretar com o Coro da Faculdade de Letras Bach e depois sozinha a 1ª Sinfonia de Mahler, dirigidos por Joana Carneiro.
Conhecia-lhe a cara de olhos grandes e expressivos, o cabelo liso e a sua fala viva - uma mulher muito interessante. Ontem vi uma maestrina enérgica, elegante que em cada gesto excedia o próprio gesto. Frente a uma orquestra imensa, de múltiplas cores e sons, ela impunha-se com a sua leveza e emotividade. Tudo ligava.
Será esta a diferença entre uma mulher e um homem a dirigir uma orquestra: Joana Carneiro entrega-se e eleva-se em movimentos redondos e precisos sem pesar no chão - é energia pura, feita "gente".
Com Bach, eterno, celebramos a eterna páscoa. De Mahler a recordação da infância quando reconheci uma das sinfonias preferidas do meu pai - muito onírica, muito colorida, muito saltitante e ao mesmo tempo com o lado sombrio e fúnebre que sempre acompanha o autor.
Gostei