Wednesday, July 30, 2008

aguardemos calmamente

Embora o desgaste seja muito e este pré-férias se misture com muito cansaço, para que saibam, venho aqui todos os dias. Os mais novos estão bem melhor... alheios as estas lides gozam o ambiente natural e psicológico dos festivais de verão! Estão por isso desculpados da ausência neste espaço. Os mais velhos... espero que não desanimem - o descanso chegará, em catadupa ou simplesmente, a curto ou a médio prazo, mas prometido e, pelo menos no presente caso MERECIDO.

Sunday, July 27, 2008

Voltando à Grécia através de Roma

"(...) Mas em Roma, isto é a alguns quilómetros de Roma, gostei acima de tudo de Vila Adriana. É uma Grécia perseguída, invocada, que já não é a Grécia pois os Deuses são Antinous e morrem. Há em tudo um misto de nostalgia e perfeição, numa beleza que tem dentro de si uma falha secreta. (...)"
Correspondência 1959-1978
Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena
Guerra e Paz

Friday, July 25, 2008

meia-noite

Deixei-me transportar pelo livro, longo e contraditório, indescritível nas sensações que foi provocando: de espanto, de dúvida, de incredibilidade, de sentimentos ... os últimos capítulos tiveram sobre mim o poder de gerar lágrimas que rolaram lentas na mornidão da casa ao princípio da noite. Ficou a paz comum, feita de coisas comuns, a paz doce da vida que é...
" Aprendemos tantas coisas quando envelhecemos. E, todavia, todo esse conhecimento... tudo isso, desaparece quando morremos. Parece-me um desperdício tão horrível. (...)
" Provavelmente, as lições mais importantes temos de ser nós próprios a aprênde-las sozinhos."
O pastor não viu que o cesto "vazio" estava cheio de lindas coisas do céu , que a mulher lá tinha metido para ambos. " A tampa do cesto são os teus olhos. Quando eu olho lá para dentro vejo coisas "lindas, lindas - tudo aquilo que lá puseste durante toda a tua vida. Até Violeta que conheceste quando eras criança lá está. Está lá para ti sempre que quiseres. Mas o segredo é que ela não pode sair para este mundo. O destino dela é permanecer só dentro de ti. De facto sempre que tentas fazê-la sair ela morre."

Escrito a propósito de Meia-noite ou o princípio do mundo de Richard Zimler

Tuesday, July 22, 2008

redodendro

O rododendro é a designação comum às plantas do género Rhododendron, da família das eriáceas que reúne cerca de 850 espécies, entre elas a azálea e o loendro.

Resultado de uma primária busca destinada a investigar a diferença entre redodendro e loendro. Concluo que não estava tão errada como isso quando as confundia, porque essencialmente a distinção depende do porte. A azálea conheço-a bem, arbusto do meu jardim. Os loendros multiplicam-se nos separadores centrais das nossas vias rápidas e, pelos vistos, é também planta de culto lá para os lados de Vouzela. Terá entre 2 a 5 metros de altura. O redodendro parece-me que é aquela árvore bonita, aberta ao céu e aos olhos, em flores vermelhas, que nos cativou no passado sábado na Avenida da Boavista!

Friday, July 18, 2008

idades,,,,

Às vezes penso na idade: na meia idade. Na minha idade, quando estatisticamente já passei a meia idade, faço jogos de modo a iludir a circunstância: ainda não passei estatisticamente a meia-idade consciente: ou seja, desde que me reconheço, talvez ainda tenha outro tanto para andar em relação ao que a minha memória reconhece!

Mas penso mais, penso que, relativamente aos mais novos, tenho a vantagem de cá ter chegado. Eles não sabem se chegarão. Felizmente o corpo não me dói e até agora não me prega partidas. Compenso alguns gemidos, com consciência e com a plena presença: às vezes demais para os contextos…

Wednesday, July 16, 2008

regressos

Ao regressar da praia, sábado passado, depois de oito horas seguidas de mar e sol, neste caso algum providencial vento também, Keith Jarret interpretou o concerto de Colónia... não havia (no meu entender) melhor música para o momento. Agora recordo-o.

Monday, July 14, 2008

Le Corbusier


Depois de usufruir deste magnifico mar (alentejano) rumamos a Lisboa para ver a exposição " Le Corbusier Arte da Arquitectura" no CCB. Uma desilusão, muitos contextos, muitas externalidades e pouco conteúdo. Exposição para o grande público? Mas o grande público merece mais: merece a Ville Savoye, bem detalhada, bem descrita, e bem desenhada; merece a Maison La Roche com a mesma aproximação; merece La Tourette; merece outra história da personalidade e da arquitectura. Não é isso a exposição. São muito bonitas as fotografaias de Lucien Hervé... ainda bem.
Um desapontamento que me reaviva a memória de Le Corbusier, aquele que para mim é verdadeiro ainda que polémico, arrisco: a principal peça na viragem da arquitectura.
( Atenção a fotografia não é Cap Martin, nem verão uma silhueta nua do génio ao longe, aliás, se bem me lembro, não havia ninguém no horizonte vislumbrável.)

Tuesday, July 08, 2008

a pedido

Um dos poemas lidos da passada quinta feira no Café Progresso:


Hei-de escrever-me inteira

Direita e sem tombar.

Hei-de saber-me

Como sei o ar.


Hei-de ser neste fio

Frio, esticado e esguio.

Hei-de ser nesta terra

Sem peso ou ferida.


E hei-de mudar-me

Num poema sem rima.

Hei-de morar-me

No teu corpo, na tua estima.

Sunday, July 06, 2008

prazeres democráticos

A praia: o mar e o sol. Um banho de mar. As ondas sucedem-se, fervem em espuma branca, que percorre longas distâncias até à morte no areal. Hoje enquanto tomava banho lembrei-me muitas vezes das "ondas do mar são brancas/ bravo meu bem/ no meio são amarelas" textualmente hoje assim.
Nada me faz mais plena que o sol e o mar. Espante-se quem me acusa de ser intelectual e de gostar de erudições!
O mar que me faz feliz? Este mesmo ao pé de casa: o Oceano Atlântico, aqui em Matosinhos. O sol que me revigora: este só. Não custa nada, apenas o gasóleo de uma viagem de quinze quilómetros e ainda trouxe o almoço: arroz de mexilhões roubados à costa e sob o controlo exigente dos nadadores salvadores.
A praia é o prazer mais democrático: soberbo aqui mesmo, ao pé da porta!

Saturday, July 05, 2008

café progresso


O que aconteceu no Café Progresso, quinta à noite, foi especial, porque como se vê ao fundo, encostada à ombreira branca da janela, de cabelo muito escuro e cabeça descaída, estava lá a Joana. A Joana leu, no sentir da mãe, os poemas mais bonitos da noite.
Não só por isso foi especial: é sempre especial quando as pessoas abrem em público o seu sentir, lêem a medo, engasgam-se, expõem publicamente aquilo que escrevem. Novos e mais velhos, juntos na mesma pulsão de exteriorizar o interior, de reinventar o já inventado e de repetir sempre e sempre a mesma palavra.

Wednesday, July 02, 2008

re coment

Optei por transcrever e interpretar o comentário anónimo ao meu post do dia 30. Porque me interessa interpretar e tentar perceber. Reescrevendo procuro sentido, interiorizo sentidos que se desvendam e desvelam.

Aqui:

...vai-se e volta-se, ao profundo silêncio…

a realidade não é o ruído que te rodeia!

a que velocidade acontece esta grande estagnação?

Olha, um atraso no anúncio do lado esquerdo

do futuro!

A mediação do vento e a libertação dos tigres, a quem a pedir?

Dir-me-ás se souberes tal viagem!!!

Acredito na cal das tuas palavras

na harpa que construindo

do vértice (o)culto

se despenham. Acredito porque dizes o sentido

raro de um raro espelho perdido.

E assim terás

o poder de sobreviver aos meigos ENGANOS!

Não, não sei!

Não porque cada hipótese se converte num

trapézio de poderes fingidos!