Acabei há pouco de ler "A Maçã no Escuro" de Clarice Lispector. Depois de "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres", este voltou a tocar-me. Mais pesado, mais denso, o outro quase parecia uma novela, estrutura-se em três capítulos: Como se faz um homem; Nascimento do Herói; A Maçã no Escuro. Os títulos espelham bem o evoluir do tema, mais do que da acção, porque ela é praticamente inexistente. O tema: a destruição e a reconstituição do homem, até ao herói - senhor de si e dominador da natureza e depois a desconstrução novamente, o desajuste, a angústia do sentir fora da coincidência, a vida como se fossem diversos tempos sobrepostos num mesmo presente - incompreensível presente e incompreensível mistério o de viver em relação.
Há realmente qualquer coisa de iniciático nestes livros: uma filosofia e um sentimento que se apanha e nos envolve como se de uma membrana invisível se tratasse.
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