Talvez não seja a reprodução exacta da ideia que Doubt pretendia passar, mas aquela frase acerca da bondade e da virtude gerou algum eco interior: virtude versus bondade. Mas haverá maior virtude que ser bom? Parece que sim. Parece que virtude é seguir alguns códigos morais absolutos, que implicam o exercício de “boas práticas” e este exercício pode implicar ser cruel, agir a despeito de qualquer afectividade, magoando, em nome da virtude, quem se ama. Assim mesmo: o miúdo negro precisava de atenção, de consolo, de afectividade, de ternura. O amor, a atenção, o carinho do padre era bom para o miúdo, ele sentia-se bem com ele, ultrapassava-se e engrandecia-se com ele. Mas, um comportamento virtuoso, não é compatível com esta afectividade e complacência: tudo o que dá prazer e dá gozo é mau! O padre não pode amar o miúdo, o padre não pode tocar o miúdo, ainda que para o miúdo isso seja bom, é mau para os olhos do mundo, cheios de virtude. Apenas a mãe entende essa outra verdade, a verdade do amor, que adia qualquer juízo moral para "é só até Junho" e pelo menos agora o filho é amado.
O padre demitiu-se, o miúdo ficou sem o conforto do amor… mas a virtude triunfou.
(a propósito de Doubt)
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