Sunday, February 24, 2008

A Magnólia

A exaltação do mínimo,

e o magnífico relâmpago

do acontecimento mestre

restituem-me a forma

o meu resplendor.


Um diminuto berço me recolhe

onde a palavra se elide

na matéria – na metáfora -

necessária, e leve, a cada um

onde se ecoa e se resvala.


A Magnólia,

o som que se desenvolve nela

quando pronunciada,

é um exilado aroma

perdido na tempestade,


um mínimo ente magnífico

desfolhando relâmpagos

sobre mim.


Luísa Neto Jorge

Poesia, 1960-1889



Ainda porque as magnólias enquadram os nossos dias de inverno.

2 comments:

Ninguém said...

"...perdido na tempestade,
um mínimo ente magnífico..."


e se o caso fosse uma tempestade de silêncio, de esquecimento, de intransigência, uma tormenta de desinteresse por aquilo que se exceptua ao branco,





ou ao mínimo de verdade!

maria said...

É pena não poderes comentar com uma das tuas magníficas fotografias... de uma magnólia "mínimo ente magnífico" ...