Sunday, October 05, 2008

viagens

“ E agora, olhando Martim, a mulher teve medo de perder este contacto insubstituível que a informava sobre a natureza mais secreta daquele homem ali em pé; e de quem, ignorando tudo, ela possuía o ilimitado conhecer que vem de se olhar e ver. Os factos tantas vezes disfarçavam uma pessoa; se ela soubesse factos talvez perdesse o homem inteiro.”

Clarice Lispector;“A maçã no escuro”; Relógio d’Água; pág 269/270

Sobre a densíssima densidade do livro, aparentemente desconexo, que frequentemente me deixa também esta sensação: mais vale lê-lo e entendê-lo como um todo, sem tentar discernir partes. A atenção sobre os factos talvez me faça perder o livro inteiro. Lê-lo embala-me e leio-o como quem embarca numa viagem sonâmbula ao centro do mundo, ao coração das trevas (humanas).

1 comment:

Anonymous said...

tão longe tão perto
[wim wenders]