Saturday, October 11, 2008

Il Gattopardo

O leopardo novamente.
Hoje o filme. Felizmente o TCA está a passar um ciclo de cinema italiano. Aí vou ter a possibilidade de rever alguns filmes que pontuaram o meu crescimento.
Para o bem e para o mal, não o meu crescimento ( esse, modéstia à parte foi para o bem), mas a revisão de icónes!
Hoje: Il Gattopardo. Aqui, no conta-mina, ficou o testemunho da recente leitura do romance de Giuseppe Tomasi Lampedusa: príncipe siciliano.
Lucchino Visconti, oriundo da aristocracia milanesa, realizador maior da cinematografia mundial e meu.
Depois da leitura recente do singular romance, o filme poderia ser inconsistente. Não, o filme não é o livro. O capítulo que mais me impressionou no livro não é descrito no filme: o filme não chega lá. Mas a Terra, o vento que preserva a Terra da Morte, a inalterabilidade da história, "muda-se para se ficar na mesma", a presença da história e a sua permanência feita destino, "fomos sempre colónias", o Príncipe de Salina, genialmente interpretado pelo soberbo homem, o pó…………………………….
O filme, extenso, com uma particular gestão do tempo, impõe o contexto como essencial na leitura do tema. Aquilo que pode parecer supérfluo, a mais, é fundamental para a caracterização do príncipe: e o príncipe é a Sicília. Às tantas pensava: se retirássemos tempo ao filme, se as valsas e as mazurkas fossem metades, encurtávamos o filme,mas ele seria? Ele é por aquilo que não é, como a aristocracia siciliana se define por dar importância aquilo que nós, ( os plebeus) não damos importância.
No filme faltou-me o devaneio científico do príncipe de Salina bem presente no livro!
Depois a maravilhosa valsa de Nino Rotta dá mesmo vontade de trautear tal é a familiaridade.

2 comments:

Anonymous said...

Quase completamente de acordo com tudo o que disse, e tão bem o faz, mais uma vez confirmo que este é o primeiro filme de todos os que tenho visto até aqui, e já são muitos!.Nenhum filme pode reproduzir fielmente tudo o que é contado num livro, mas eu acho que foi muito bem conseguida esta adaptação de Visconti, um verdadeiro aristocrata da vida. Apenas quero referir a beleza das primeiras imagens, tão simplesmente o movimento das cortinas, ao som da missa no interior da casa. Na altura em que vi este filme, talvez anos 60, no Tivoli, houve várias pessoas que sairam da sala. Como é possível, ainda hoje me interrogo .

maria said...

Porque aprecio a empatia e o frequente retorno deixo-lhe o meu email, não para que dele façamos hábito de conversa mas para, se quiser, voltar ao já antigo exercício da escrita por carta.mconceicaoster@gmail.com