Guardei-me para o fim e fui ouvindo: alguns gostaram muito outros não gostaram nada. Mas não será sempre assim a reacção possível perante uma arte inteira?
Foi assim que eu vivi a exposição de Juan Muñoz – a gostar muito. Tudo certo, tudo no sítio, cuidadosamente concebido e executado para fazer explodir sensações. Caberá também aqui uma palavra para a excelente montagem da exposição, sabiamente disposta no espaço do Museu que nos surpreende sempre, excedendo-se a ele mesmo.
Sobre a figura humana, extremamente humana, repetida muitas vezes, sempre igual e sempre diferente: não é o pormenor que interessa mas a expressão, a pele, o pano, as rugas expressivas, as mãos torcidas e imperfeitas, a ausência de pés. O homem e a sua sombra, a sombra mais poderosa do que o homem, a sombra do homem no contexto, feita texto. O homem sem escala na paisagem urbana, feita com um padrão de chão aflitivo. O minucioso elevador, cheio de movimento, luz e cor, perfeitamente rigoroso. As varandas e os corrimãos, o hotel. Conceptual e preciso, parco e intenso, como os dois minúsculos homens sentados em não diálogo. Percorrer o Museu de Arte Contemporânea de Serralves para conviver com o mundo de Juan Muñoz é entender melhor o nosso mundo para nele, dentro dele, encontrar pedaços de paz.
Cada vez gosto mais de escultura!
Sobre Christopher Wool, depois de Juan Muñoz, uma história que não sei contar.