Guardei-me para o fim e fui ouvindo: alguns gostaram muito outros não gostaram nada. Mas não será sempre assim a reacção possível perante uma arte inteira?
Foi assim que eu vivi a exposição de Juan Muñoz – a gostar muito. Tudo certo, tudo no sítio, cuidadosamente concebido e executado para fazer explodir sensações. Caberá também aqui uma palavra para a excelente montagem da exposição, sabiamente disposta no espaço do Museu que nos surpreende sempre, excedendo-se a ele mesmo.
Sobre a figura humana, extremamente humana, repetida muitas vezes, sempre igual e sempre diferente: não é o pormenor que interessa mas a expressão, a pele, o pano, as rugas expressivas, as mãos torcidas e imperfeitas, a ausência de pés. O homem e a sua sombra, a sombra mais poderosa do que o homem, a sombra do homem no contexto, feita texto. O homem sem escala na paisagem urbana, feita com um padrão de chão aflitivo. O minucioso elevador, cheio de movimento, luz e cor, perfeitamente rigoroso. As varandas e os corrimãos, o hotel. Conceptual e preciso, parco e intenso, como os dois minúsculos homens sentados em não diálogo. Percorrer o Museu de Arte Contemporânea de Serralves para conviver com o mundo de Juan Muñoz é entender melhor o nosso mundo para nele, dentro dele, encontrar pedaços de paz.
Cada vez gosto mais de escultura!
Sobre Christopher Wool, depois de Juan Muñoz, uma história que não sei contar.
Sunday, January 04, 2009
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1 comment:
Mesmo antes de ler este post, já era minha intenção voltar ao Porto, para ver esta exposição. Parece-me bastante original a sua concepção.Também gosto bastante de escultura.
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