QUARE DE VULVA
Quare de vulva, vai para sessenta anos,
eduxisti me?
Porque me tiraste de onde estava
rodeado de águas, sem cuidados,
riscando fósforos na imaginação
da mãe?
Para chegar a isto:
a morte inscrita na pele,
murmúrios aziagos de oração
enquanto alguém enxota a mosca
da cara do defunto?
Para quê?
Só para os rituais,
só para a interrupção
só para ausência inominada?
Só para a memória – não a própria,
a memória dos outros?
A. M. Pires do Amaral
Será este o poeta homenageado na edição deste ano da Poesia Está na Rua em Santo Tirso - Salão Nobre da Câmara Municipal, sexta-feira 20, às 21.30 horas.
No comments:
Post a Comment