Monday, June 22, 2009

compensações

Na "Última Edição" de Luís Caetano em entrevista a Hector Abad Facilione desenvolveram-se duas ideias fascinantes: a primeira vem do título do livro que por sua vez decorre do primeiro verso de um poema de Jorge Luís Borges - Somos o esquecimento que seremos. A segunda a esta ligada: as palavras são como a água que se põe nas flores - não evita mas atrasa a morte.

Parabéns Meryl!


Queremos mais uns quantos e os mesmos tantos de filmes, sempre a alargar a tela e ecrã. Parabéns, querida Meryl, parabéns.

Sunday, June 21, 2009

Gestão do tempo... de verão

Quem sabe destes prazeres?
Dois banhos de mar, muito sol, daquele que arde no corpo. Quatro humanos e uma cadela deliciosa e um gato “em convalescença”. Cada qual por si, cada qual olha por si, olha para si, cada qual olha para os outros pelo “canto do olho”. Cada qual….
Música barroca, Albinoni.
Perspectiva-se uma tarde de trabalho. Deste modo – pouco importa!

Wednesday, June 17, 2009

Musil

A minha paixão actual. Devoro as linhas e as palavras. Anseio por uns dias de férias bem passados, egoistamente passados até à última das 843 páginas... e o segundo volume já está à espera!

Monday, June 15, 2009

incongruências

Como é possível num almoço de trabalho, do mais alto nível, falar-se de lealdade e de fidelidade? A teia quebrou-se. O sorriso preciso dos homens cúmplices foi devassado ... pelas mulheres. Percebemos o olhar, o sorriso. Lealdade é um valor. Fidelidade é uma virtude, presa a preconceitos e a medos. Será que eles, os homens cúmplices, perceberam? Ou estavam apenas a fazer bluf?

Wednesday, June 10, 2009

Nas Brumas da Utopia de Henrique Silva Araújo

A acção localiza-se no Vale do Ave, durante a segunda grande guerra.
Os temas desenvolvem-se a partir do Vale do Ave, da actividade fabril a que se alia a agricultura de subsistência, a incipiente resistência operária com referência ao comunismo, a polícia política, a medicina no trabalho, o contrabando do café, tabaco e depois do volfrâmio, as diferentes perspectivas do desenvolvimento industrial e do posicionamento político de Portugal na europa.
As personagens são bem caracterizadas, a acção desenvolve-se com desenvoltura embora por vezes denote algum desequilíbrio nos tempos de acção: em determinados momentos ficamos a pensar – como é que já estamos aqui?- e então voltando um bocadinho atrás, e percebemos que em duas linhas se muda complemente a acção, mesmo no espaço e no tempo. Os contextos são bem descritos, percebendo-se a formação em medicina do autor, a sua reflexão sobre o comportamento humano, o conhecimento sobre o modo de produção industrial e sobre a organização social da época.
Pena é que falte a este romance o mais fácil: revisão. Tanto sob ponto de vista conceptual, como sob ponto de vista ortográfico e editorial, existem muitas gralhas, erros, confusões: trocam-se nomes de personagens, escreve-se muitas vezes à e às com acento agudo, contrato com c antes do t serrada em vez de cerrada, para além de algumas gralhas tipográficas.

Sunday, June 07, 2009

Concerto para piano, em sol maior, de Ravel

Ouço o concerto em sol maior de Ravel, tocado por Pascal Rogé. Ganhei coragem após ter ouvido a interpretação de Sequeira Costa na sexta-feira na Casa da Música. A diferença virá da interpretação, da gravação? Porque é que lá as notas não tinham luz? Porque é que lá as notas não tinham espaço? Porque é que lá as notas não engordavam como bolas de sabão para, elevando-se no ar, rebentarem, visíveis aos nossos olhos fechados? Porque é que lá o piano não torna imensa a flauta, o oboé não é a cama do piano, as cordas não são o transporte para a elevação?
Não se pense que não gostei. Também me parece que deve ser difícil ao vivo encontrar a mesma interpretação que em CD, mesmo que seja interpretada pela Orquestra de Montreal e por Pascal Rogé. Segundo o meu sentimento a diferença vem sobretudo do tempo, subtil, não mensurável apenas sensível, nas mãos do pianista e no meu coração.
Encerrarei a maratona Sequeira Costa hoje com o belíssimo concerto para piano de Edward Grieg.

Saturday, June 06, 2009

Miguel Bombarda

Alguma coisa vai mal na nossa arte. Entro nas galerias e saio e pouco ou nada trago, esqueço logo de seguida. Não sabem desenhar, não sabem pintar, não sabem fotografar e ainda por cima não têm (ou não conseguem) nada para dizer: não há conceito.
Assim me senti hoje em Miguel Bombarda. Claro que há excepções e gostei muito de: Noé Sendas - fotografia manipulada. Depois fazem sentido outras coisas que se encontram perdidas no tempo ou no espaço: Ângelo de Sousa de 1968, uma pintura de José Pedro Croft, alguns trabalhos de João Paulo Feliciano, uma fotografia de João Tabarra, duas esculturas de Francisco Tropa ...
A terminar dois nomes com um trabalho ilustrativo interessante: Raúl Pérez e Fernando Dôres.