Sob o paradigma da globalização não nos resta outra alternativa senão olhar para nós, sem o sentimento de hiper identidade fundamentada na interpretação excessivamente positiva e glorificadora do nosso passado histórico que, como refere Eduardo Lourenço, se transforma numa “espécie de álibi inconsciente, de informação inscrita na nossa memória, própria para nos desmobilizar e fazer perder de vista a urgência vital dos povos que se pensam, de preferência, em termos de futuro.”
A atitude terá que ser outra, indo além das nossas seculares fronteiras, para aceitar como europeus responsáveis e de pleno direito os desafios que hoje se põe à Europa.
Porque apesar de como diz Fernando Pessoa “As nações todas são mistérios. Cada uma é todo o mundo a sós” nós, portugueses e Portugal integramos a “Ideia de Europa” defendida por George Steiner na sua excelente e lúcida conferência realizada na Holanda em 2004. Somos possuidores de uma História e de uma cultura baseada na liberdade e na diferença, que se transcende pela unidade na diversidade.
Por isso temos o direito e o dever de sonhar o futuro da Europa, tal como o apresenta o filósofo:
“ (…)Liberto de uma ideologia falida, o sonho pode, e deve, ser sonhado novamente. É porventura apenas na Europa que as fundações necessárias de literacia e o sentido de vulnerabilidade trágica da condition humaine poderiam construir-se como base. É entre os filhos de Atenas e de Jerusalém que poderíamos regressar à convicção de que “a vida não reflectida” não é efectivamente digna de ser vivida”.
Conforme prometido, aqui o texto!