Sunday, November 25, 2007

Control de Anton Corbijn

Porque é que gostei de "Control"?
Conheço ao de leve Joy Division e Ian Curtis. Mais por interpostas vontades e paixões do que por desafio directo. Ian Curtis morreu em 1980. Deixava eu a adolescência. Chegou-me mais tarde.
Ontem vi o filme com muita intensidade. Foi feito para ser assim: mais que uma obra de arte cinematográfica, o filme - sente-se - foi feito com a amor e devoção. Ian Curtis era uma referência para os que com ele privaram, pelo modo incondicional e idealista como viveu. Incondicionalismo e idealismo, conjugação que, no seu caso, significa depressão, insatisfação, desajuste entre imagem e capacidade de realização dessa mesma imagem.
No filme vejo um tributo daqueles que o conheceram. Uma releitura da sua vida, passados vinte e cinco anos, que talvez permita encarar o mundo sem o peso da sua personalidade. Este é um exercício de libertação do fantasma para que, perdoando-lhe a morte, voltem a ter capacidade de olhar o mundo, agora definitivamente sem ele.
Entrei neste universo a preto e branco para perceber que o limite da entrega chegou muito cedo e a incapacidade de transcendência o levou ao suicídio. A alternativa seria outro suicídio, o do sucesso prometido, que ironicamente se veio a concretizar na mitificação do ícone.

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