Monday, December 31, 2007
paraíso
Sunday, December 30, 2007
ideias para juntar
Um único senão - alguns fantasmas do passado, desnecessários, que nos distraem o olhar da essencialidade das obras mais recentes.
(algumas coisas fizeram-me lembrar Goya - eu sei que Goya é um dos seus pintores favoritos)
Confirmo que vale a pena ver.
Álvaro Rocha, Estrada de Santiago
Fomos visitar o Avô ao hospital e, depois, fomos visitar a exposição do Avô. São muitos quadros (mais de 90?) e, como sempre, alguns desnecessários. Mas é o Avô que sabemos existir, como se estes últimos anos de pintura, em que sempre se repetiu o mais do mesmo, o tivessem feito desabar nestas coisas novas. Nunca nenhum de nós teve tanta vontade de comprar uns quadros dele. Nunca nenhum de nós suspeitou que por trás do "estou a preparar uma exposição" estivesse este conjunto de quadros tão novos. Vejam-na, está em Viana, no Centro Académico - IPVC, até 13 de Janeiro. Como assinámos no livro, "Boa, Avô!", boa!
Saturday, December 29, 2007
tempo de natal
Hoje ao almoço encontrei-me com duas amigas: uma queixava-se do dia de Natal em casa dos sogros. Castro Laboreiro, numa aldeia, longe de tudo, segundo ela. Ouvi a descrição com a reserva mental de pensar que era exactamente o que me teria apetecido! A outra, mais próxima, contava que tinha estado em frente à televisão a ver um desses filmes românticos que falam das vidas dos casais. Sózinha no conforto morno de um lar quente, tinha-se deixado chorar. Que bom! Deixar-se chorar com o filme, sem ter que controlar as lágrimas doces...
Ainda não tive a sorte de chorar lágrimas doces neste natal!
Friday, December 28, 2007
Benazir Bhutto
A morte assim mitifica ainda mais a personagem: mulher, prémio nobel, exilada, política, assassinada.
Fiquemos com o mito e glorifiquemos a mulher.
Thursday, December 27, 2007
Monday, December 24, 2007
A nossa história de Natal
Porém um telefonema aflito e atordoado de uma Avó à deriva decidiu a ida precoce. O Avô estava novamente internado no hospital. Ela estava muito confusa e não sabia bem o que se tinha passado. As compras de natal, o bulício, a obrigatoriedade de preparar a consoada em família e a solidão fizeram-na mingar, encolher perante a vida que jorra em catadupas a um ritmo que já não lhe é confortável.
No domingo, antevéspera de Natal sem projectos mas com um destino fixo, fomos a Viana - os quatro. Esperamos a hora da visita para reencontrar o Avô. Os três de cá de casa e a Avó, aqueles que partilham do seu sangue, foram vê-lo. A primeira foi a Joana, recebida por um espantado " Tu! O que fazes aqui?". No dizer deles o Avô está mais pequeno na cama do hospital. Ele vai passar o Natal no hospital.
A Avó recuperá-mo-la. Precisa de mimo, de muito mimo, dizem os netos. Vão buscá-la de tarde para o mesmo Natal, este no lado materno da família dos meus filhos.
Sunday, December 23, 2007
dia de inverno
Às vezes gostava de me expressar pelo desenho e pela pintura. As minhas ideias conformam-se em desenhos que vejo no espaço mas que não sou capaz de traduzir no papel ( ou simplesmente não tento). As minhas ideias e os meus pensamentos são essencialmente gráficos.
Hoje esteve um dia de sol óptimo e o Porto ofereceu-se aos meus passos, horas de passos que comeram lentamente distâncias, pararam, entraram, viram, falaram... em muito boa companhia.
Passeio fora dos tradicionais locais de compras de Natal, do Campo Alegre a Massarelos, pelos caminhos do romântico, de Massarelos ao Infante, ao Largo de São Domingos, Rua das Flores, Clérigos, Carmelitas, Carregal, Palácio, D. Pedro V e novamente ao Campo Alegre.
Com o declinar do dia encontrei Handel na Casa da Música, Messias em concerto do Natal.
Thursday, December 20, 2007
Muito bem feito
Talvez seja a azafama do Natal que ilude vontades e atira as pessoas para histeria colectiva. Todos os anos, ou talvez apenas nos mais recentes, tento fugir-lhe e encontrar um modo calmo de fazer as necessárias compras ou recomposições de prendas que criam o colo para bem estar na quadra... sem ser mal entendida pelos que realmente me são queridos. Estive cinco dias de férias: passeei pelas lojas ( nunca em centros comerciais gigantes), fui ao cinema, fui a Aveiro, li na cama de manhã, fiz sudokus, transportei meninos, fiz bolos, suspiros, salames, gozei os meus pais e os belíssimos cozinhados do meu irmão, fui ao yoga, conversei com amigos e hoje fui trabalhar para amanhã iniciar o fim de semana grande e festivo - muito bem feito.
Sunday, December 16, 2007
Estamos todos malucos?
Na CCDR andam a discutir medidas para melhorar a qualidade do ar. Uma delas será a de diminuir a emissão de gases provenientes da combustão de lareiras! Por um lado temos que diminuir a nossa dependência energética, temos que diminuir a dependência de energias não renováveis, temos que cumprir a regulamentação térmica, criam-se centrais de produção de biomassa e por outro proíbem ou desincentivam o aquecimento através da combustão de madeira ( será que não é o mesmo que a biomassa?). Querem taxar as lareiras domésticas e pedem às Câmaras Municipais para colaborarem nessa tarefa.
E tomem nota que este Plano de melhoria da qualidade do ar parece que é mesmo para ir para a frente!
Estamos todos malucos?
Saturday, December 15, 2007
Promessas Perigosas
Num filme em que Cronenberg nos surpreende pela "banalidade" do enredo, afinal uma história de máfia, tinha que ficar esta ponta por desvendar: mas afinal quem és tu? És bom, és mau, és julgador, és conivente, és um anjo ou és demónio? Quando tudo parecia ser claro, Nikolai surge sentado no restaurante, sem outras personagens, no lugar do antigo "padrinho" que entretanto supomos foi preso. O motorista, que se tinha infiltrado na máfia para a desvendar e destruir, que ganhou o estatuto de "filho" para ser imolado, aparece sózinho no quadro do poder e capaz de tudo, tão inexpressivo é o seu olhar.
Para além de tudo o mais um filme na tradição do bom cinema clássico, uma atmosfera pesada e redonda onde o conforto e o luxo nos fazem admitir o maquiavélico: o poder do luxo, do negro, do vício: o poder do poder.
Uma boa escolha em dia de aniversário.
Promessas Perigosas de David Cronenberg com Vigo Mortensen; Naomi Wats; Armin Mueller-Stahl
Friday, December 14, 2007
No dia do meu aniversário
Wednesday, December 12, 2007
Manoel de Oliveira
Saudável lucidez de um homem de 99 anos em entrevista ao Expresso!
Manoel de Oliveira, muitos parabéns e muitos anos de vida.
Tuesday, December 11, 2007
Academia Bizantina e Andreas Scholl
Mas apetece-me falar no programa. Gosto de programas assim, coesos e coerentes: um projecto, um autor, vários interpretes que são também autores do projecto. Um concerto com princípio meio e fim, onde nada mais cabe para além daquilo que foi e onde os extras só podem ser repetições de alguma parte do que já foi feito. Assim foi para nosso contentamento.
Saturday, December 08, 2007
Friday, December 07, 2007
marcas do tempo
O ano passado, como adulta que sou, quase me esqueci da quadra. Fui duramente criticada pelos meus filhos. De um modo egoísta esqueci-me que eles precisam do Natal, do ambiente, das prendas, ainda que simbólicas. O Natal é também um símbolo que nos agarra à vida e aos outros. Que independentemente e para além das regras e do incentivo ao consumo tem outros significados e liberta da nossa mente sentimentos louváveis: solidariedade, comunhão, intensidade de sentimentos, que fazem falta na composição da história das nossas vidas.
No próximo fim de semana enfeitaremos a casa em conjunto para darmos início a uma quadra festiva, criando memórias que se perpetuarão para além das nossas perenes vidas.
Tuesday, December 04, 2007
Quim
O Quinzinho morreu. O Quim fez parte da nossa vida. Crescemos com ele, brincamos com ele. Era mais velho que eu doze anos, mas como o seu desenvolvimento mental parou no tempo, quando eu tinha seis, sete, oito, dez anos, brincava com ele e com os meus irmãos: os únicos primos que ele tinha da “mesma idade”. Tinha uma mala de couro com peças de madeira de cores que faziam as nossas delícias. Montávamos cidades na saleta, da casa de Serpa Pinto, e passávamos a tarde inteira a brincar. Mais tarde era o gira-discos que nos encantava, de “baquelite”, e os “singles" coloridos da Madalena Iglésias, Gioliola Cinquetti, Eduardo Nascimento ou do Rui de Mascarenhas. Tinha televisão, sabia os nomes dos jogadores de futebol de todas as equipas, as datas de aniversário de meio mundo e escrevia páginas inteiras de nomes em cadernos exaustivamente preenchidos.
O Quim aprendeu a ler, a escrever e tocava piano. Lembro-me de ir ver uma actuação dele à escola de música “Parnaso” que foi um acontecimento.
O Quim foi uma dádiva nas nossas vidas. Dizia a Joana ontem que a morte dele a tinha apanhado desprevenida, porque o Quim não tinha idade, estava parado no tempo.