O Quinzinho morreu. O Quim fez parte da nossa vida. Crescemos com ele, brincamos com ele. Era mais velho que eu doze anos, mas como o seu desenvolvimento mental parou no tempo, quando eu tinha seis, sete, oito, dez anos, brincava com ele e com os meus irmãos: os únicos primos que ele tinha da “mesma idade”. Tinha uma mala de couro com peças de madeira de cores que faziam as nossas delícias. Montávamos cidades na saleta, da casa de Serpa Pinto, e passávamos a tarde inteira a brincar. Mais tarde era o gira-discos que nos encantava, de “baquelite”, e os “singles" coloridos da Madalena Iglésias, Gioliola Cinquetti, Eduardo Nascimento ou do Rui de Mascarenhas. Tinha televisão, sabia os nomes dos jogadores de futebol de todas as equipas, as datas de aniversário de meio mundo e escrevia páginas inteiras de nomes em cadernos exaustivamente preenchidos.
O Quim aprendeu a ler, a escrever e tocava piano. Lembro-me de ir ver uma actuação dele à escola de música “Parnaso” que foi um acontecimento.
O Quim foi uma dádiva nas nossas vidas. Dizia a Joana ontem que a morte dele a tinha apanhado desprevenida, porque o Quim não tinha idade, estava parado no tempo.
2 comments:
eu conheci o Quim. Um espanto.Não sabia que tinha morrido. Fiquei com pena.....
Gostei de saber...
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