Gosto de escrever sobre o que vejo e ouço sem ler a opinião dos críticos previamente. Esta é uma outra leitura, a leitura do público não especializado, a leitura do espectador amante de cinema, de música, de literatura, de pintura ou de escultura ou de… qualquer forma de arte. Arte aqui entendida como modo de expressar sentimentos e emoções através de manifestações no tempo e no espaço.
Assim será com o filme que hoje fomos ver “ Expiação” de Joe Wright. Não vou, pelas razões expostas, falar do filme como objecto fílmico. Vou falar daquilo que, ainda muito fresco, me impressionou. A cena em Dunquerque, um passageiro contra corrente, observador anestesiado do espectáculo decadente da guerra. Uma vítima da guerra e a guerra vista de outro modo, sem a coerência dos actos, mas lida nas coletaridades da vida dos homens que a fazem. Para mim um modo inovador de filmar a guerra. A atmosfera tem qualquer coisa de felininiano, nas cenas, nas filmagens, nas cores, nas personagens. Depois todas as outras interrogações bem vivas na pequena mas fulgurante intervenção de Vanessa Redegrave: o que é a verdade? De que vale a verdade? Os múltiplos modos de ler a realidade e o modo como uma leitura, verdadeira aos olhos de quem a lê, condiciona o curso da vida e como se transforma ao longo dela. A realidade da ficção, a redenção (expiação) pela ficção.
Parece-me que, não fosse alguma imaturidade no tratamento destes temas, traduzida em excessos de tempo e de imagem, ou cedência a alguns clichés e o filme seria um daqueles que eu elegeria para o patamar dos favoritos. Da música não gostei nada.
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