Sunday, January 27, 2008

Pavilhão Multiusos de Gondomar


O Pavilhão não usa materiais nobres, tecnologias sofisticadas ou soluções construtivas inovadoras. É na humildade demonstrada que se releva a grandeza do projecto. Siza usou chapa pintada e caixilhos de série, blocos acústicos aparentes, monopavimentos, rebocos projectados e é com esta matéria que articula o gesto, livre mas consciente, que unifica o projecto e que o interliga com o resto da sua obra.

Siza o arquitecto que já ganhou o pritzker, o meu ídolo arquitectónico, que me habituou a granito, mármore, madeira; que me habituou a programas nobres, bibliotecas, museus, escolas, lazeres; tem neste pavilhão a humildade de usar materiais feios, com pormenores em série de desenho duvidoso, sem que isso afecte a qualidade e o empenho do seu desenho. É também a particularidade do programa: este é um programa difícil porque é um programa múltiplo. Grandes contentores com a obrigatoriedade de se encherem com múltiplos conteúdos e com a ambição de todos acolherem funcionalmente bem. Tarefa díficil e talvez impossível, mas sinal das necessidades contemporâneas.

Outra das reflexões foi gerada na sala de treinos, onde a sensação de clausura é reforçada pelas suas qualidades acústicas. A ausência de reverberação confunde a percepção da dimensão do espaço. A propagação do som dá-nos a medida do espaço. Aqui a ausência de eco fecha-nos sobre nós. Talvez não seja boa para a prática desportiva mas é, sob ponto de vista formal, um objecto notável.

3 comments:

Anonymous said...

Siza é Siza...

maria said...

nem todos serão da mesma opinião...

Anonymous said...

pois, nesses casos, terão que ser educados...