Entrei no carro à uma da tarde e ouvi a notícia da sua morte. Disse alto "Oh!" quem ouviu não entendeu. Todo o dia vagueei, como peixe fora da água, talvez porque, pelas (t)suas mãos, me tenha sido aberto outro mundo, onde eu ando às vezes, mesmo parecendo que ando por cá.
Far-me-á falta ... fica a sua palavra.
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3 comments:
Esta sua reacção à morte de Maria Gabriela Llansol emocionou-me.
Na verdade, quando morre um(a) escritor(a) desta envergadura, ficamos sempre mais pobres, embora a sua obra permaneça.
Parabéns pelos seus largos horizontes e pela qualidade do seu blog.
Cordiais saudações
Maria João Oliveira
...estou coberta pelo nascimento de Ana de Peñalosa e a neve, que ia fundir-se, voltou a cair; meu corpo está molhado, e meu espírito emerso em névoa. Preocupo-me com o espaço nevado do jardim, e seus habitantes - os melros, à procura de sobras e sementes, os gatos, Jade, Olo, as três galinhas. Tenho, por vezes, com os donos das lojas, conversas amistosas que me circundam durante o dia. O empregado do banco, cujo trabalho nestes dias de ruas alagadas pelo degelo, é sereno, pergunta-me se não foi difícil chegar; há nele um humor acolhedor e uniforme. A neve é, nestes dias, a verdadeira claridade da natureza e, de regresso, a nossa casa coberta de branco, parece-me enorme; tenho um sobressalto no que foi um jardim e vejo, à transparência, como o meu dia-a-dia e o nascimento de Ana de Peñalosa estão ligados; ligados a mim mesma, como se a estrutura dos arbustos e os relevos que sustentam a neve fossem o meu diário, e a neve total que os cobre, os meus livros, desde o livro das comunidades.
Llansol, Causa Amante
(Ninguém)
Ainda que às vezes não pareça (a minha cúmplice distrai-se)este lugar,o conta-mina só é possível porque somos duas....
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