Há temas que arrumo, talvez por preguiça ou porque são demasiado pesados para nos metermos neles a sério. O acordo ortográfico está nesta categoria. Hoje de manhã no entanto ele entrou na minha cabeça através do debate da antena 2. É realmente um tema pesado, complexo e que, egoistamente, não me interessa muito, porque vou poder continuar a escrever como sempre até ao fim dos meus dias.
Mas intuitiva e superficialmente acho um verdadeiro contra-senso. Porque criar regras exteriores para uma língua viva? Porquê a necessidade de formatar situações que estão em mutação? Porquê o medo à mudança e à invenção? Alguma vez as diferenças ortográficas foram impedimento a que lêssemos Jorge Amado, Machado de Assis, Clarice Lispector e outros? E escritores como Mia Couto respeitam que acordo?
Como dizia Maria João Seixas é inacreditável como se vai gastar imenso dinheiro para implementar o acordo, quando nunca se fez nada para promover, desenvolver e cultivar a língua portuguesa. Disso é exemplo a actividade do Instituto Camões.
Somos assim em tudo ( este somos não sei se refere aos portugueses ou aos humanos) é-nos muito difícil defender por dentro, defender evoluindo, criando, sem medo de ser revolucionário, sem medo da mudança. Somos essencialmente conservadores e precisamos de regras ainda que seja para as transgredir a todo o momento: a regra e a transgressão fazem parte do mesmo mundo conservador – são as duas faces de uma mesma moeda.
No comments:
Post a Comment