Monday, December 08, 2008

A Casa e a Música (2)




Também eu regressei à Casa em dia de muita chuva. Mais uma edição de clubbing, uma de pessoas menos conhecidas e, por isso, as salas só a metade do que se tinha visto na edição anterior.
Ólafur Arnalds acolheu-nos com o seu inglês marcado da Islândia, fez-nos sentar no chão (sentar no chão no clubbing?) e seguir com ele pelas paisagens sonoras, de cordas e teclas e batidas, da islândia. Parece-me impressionante que aquela ilha tenha uma identidade tão própria e marcada, pela qual podemos ligar todos os actos musicais de lá provenientes (björk, sigur rós, múm são os nomes sonantes, mas também estes mais pequenos) e, no entanto, cada um criar um universo constelar próprio, orbitando sobre sua própria experiência e interior. Deve ser a luz de verão e a falta dela no inverno e a neve e as termas e a pequenez das suas cidades, não sei.

Seguiram-se os The Faint e confesso que tinha feito razoavelmente mal o trabalho de casa de os conhecer, por não me chamarem especialmente. Tinha lido que eram bastante interessantes em palco e não se confirma. Se interessante é mexerem-se sempre da mesma maneira durante todas as canções então terei de reformular este conceito. Se interessante é estragar (quase) todas as músicas depois da introdução então preciso mesmo de rever o conceito de interessante. Encontrei-os aborrecidos, fazendo saltar apenas meia dúzia de pessoas mais tocadas pela música, com "style" a mais, a torná-los presunçosos, americanos foleiros e irritantes. É, no entanto, de realçar o facto de as projecções em palco dos senhores serem bastante (e aqui sim) interessantes. Mas não, não foi para mim.

E pirámo-nos para uma salinha onde tínhamos toys will be toys e claro toys! e música com brinquedos. Os rabos alapados nas escadas, esperando todas as vezes mais uma surpresa e susto vindo de um qualquer barulho estranho desencadeado por brinquedos que os meus primos tiveram. Se é música não sei. Mas é performance e deu-nos muito gozo. Se tiverem oportunidade de ver, vejam.

Com a noite a acabar, mas não a chuva, os também islândeses Gus Gus, invadiram o bar em formato dj set, abriram a pista de dança com sigur rós e abusaram bem da linha de baixo. Teria dançado muito mais não fosse o chão a colar-se às sapatilhas e o sono a começar a pesar no olhos. Mesmo assim, Gus Gus é bom.

(mais fotografias aqui. e note to self: escrever sobre o deslocamento da pop.)

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