Está desvendado o segredo do post de ontem. A Joana já tem carta de condução.
Hoje começa o futuro na estrada. Sei que conscientemente, quero que conscientemente. Conduzir é uma responsabilidade. Pegar num automóvel dá-nos independência, mas exige muito autodomínio.
Ao fim de 26 anos na estrada tenho dois medos: a distracção e a violência pela auto-afirmação.
O primeiro tenho-o por mim. O segundo tenho-o pelos outros.
Ser distraída, conduzir sem pensar no que estou a fazer, de um modo automático é um risco que, todos os dias, me esforço por não correr. A minha cabeça trabalha muito enquanto conduzo: programo o dia, o trabalho, as tarefas domésticas, vibro com a música que ouço, com as paisagens que vejo… e sonho. Contra essa tendência tenho algumas defesas. Ando sempre devagar, esforço-me por me concentrar, respeitar passadeiras, peões, limites de velocidade...
O segundo assusta-me. Não gosto de ver as pessoas transformarem-se em animais ferozes ao volante, como se o carro fosse uma arma de defesa ou de ataque. Impacientes, rabujam, insultam, vociferam…. Egoístas, estacionam em cima dos passeios, à porta das lojas, em segunda fila… e dentro do automóvel têm sempre razão. E hoje cada vez mais também fora dele: saltam fora do carro e agridem. O aconchego da máquina, o sentido de posse e de poder arrebata e leva o cidadão mais anódino a cometer actos impensáveis.Desculpem-me a brejeirice, mas lembro-me sempre do Mister Been, que quando entrava no automóvel, este ficava com uma grande pila levantada.
A distracção e auto-afirmação duas formas de egoísmo que temos que aprender a dominar quando nos é dado o direito de conduzirmos.
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2 comments:
obrigada pela publicidade, sim? devias ter vergonha! não se diz o que eu não quero que se diga!
o quê? eu disse alguma coisa?
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