Thursday, October 25, 2007

Como os espaços influenciam a audição

Ontem voltei ao Teatro Circo para ouvir David Sylvian. Já lá tinha estado a ouvir Philip Glass. Da primeira vez muito pior instalada. Desta, apesar de melhor, mal também. Decididamente penso que este teatro foi mal recuperado. Talvez porque a pré-existência, e a decisão de a manter, não tenha permitido a adaptação às novas necessidades regulamentares... e sobretudo de conforto pessoal. Os espaços de ante-câmara entre a rua e a sala de espectáculos são muito maus, exíguos, atrofiados, demasiado expostos ao exterior. Os apoios, como as instalações sanitárias, insuficientes e metidos "a martelo" no edifício pré-existente. Tudo isto cria uma atmosfera proviciana e devassada que me perturba. Já não gosto de ver pessoas a entrar e sair durante os espectáculos nem de ver portas a abrir revelando a luz crua dos corredores. Não gosto das cadeiras, nem dos espaços entre elas, demasiado apertados, mesmo para uma pessoa de dimensões módicas, como eu.
E em David Sylvian o espaço é muito importante. O conforto que permite a ausência e o alheamento são essenciais. A música não é permissiva à devassa do espaço pessoal necessário à audição como experiência individual. David Sylvian merece uma cama, um colchão, tapetes ou simplesmente um espaço ao livre pleno de natureza.
Talvez na Casa ... da Música fosse melhor. Ele, o próprio, para mim foi bom.

1 comment:

Anonymous said...

Olá!
Sou de Braga e estou neste momento a escrever as minhas primeiras palavras num blog. Cheguei até ele, por intermédio da tua amiga Jöana, que contigo partilha este blog. Disse Bem?
Talves tenhas ido com ela, n sei?
Fico pena da tua experiência negativa, relativamente ao espaço do teatro circo. Mesmo! Apesar de tudo espero que não te tenha impedido de apreciar a aura daquela sala. Do seu candelábro,( talves demasiado banalizado pelo excesso de publicidade a que tem sido exposto) da cortina veludo vermelho. Das pinturas e do tecido que reveste a parede com pequenas flores de Liz. Tem pormenores irresistíveis. Pelo menos, como cidadã bracarense, fiquei contente pela renovada aquisição. Embora só lá tenha estado duas vezes depois da sua remodelação, senti-me bem, embora confesse, que aqueles corredores laterais, tanto da saída dos camarotes como da plateia, sejam demasiado apertados.
Pois é, deixo aqui algumas reflexões....contente por me estar a tentar introduzir na comunidade "blogeira". Assim o espero. Sabes a Joana está-me a dar instruções para que eu possa criar o meu próprio blog.

Gostei da conversa