Com um arrepio ao fim da tarde, pelas mãos de Carlos Drumond de Andrade chegou a mim a mãe da Dulce: a Dona Maria.
A Dona Maria, quando a conheci, já se movia mal. Pousava de leve sobre as coisas, falava baixo, murmurava à vida.
A Dona Maria era a mãe…da Dulce.
Das flores do jardim que olhava curvada e explicava de cima com carinho.
Lembro os bolos – ainda guardo na minha agenda a receita do chifon de laranja, que ela me ditou de cor, num passeio também ao fim da tarde. Lembro o pão de abóbora e frutos secos. Lembro a casa que se confundia com a terra, a pedra castanha posta e sobreposta, colada com terra, para sobreviver na sua precariedade ao tempo.
A Dona Maria era a casa, era o jardim, era a terra.
Agora a Dulce é a Dona Maria.
Agora a Dulce é a Mãe.
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