...de Florian Henckel von Donnersmarck
Interessante. Perceber a sobriedade do cinema europeu, na boa tradição da sua herança.
O filme fala de pessoas, para além de falar de censura, de intromissão e de política. Ou não fossem, muitas das vezes, as ambições e desejos pessoais que determinam a política. Aqui o individualismo do projecto pessoal sobrepõe-se ao colectivo: para Christa, a actriz, a representação, é a sua forma de realização e está no topo da escala de valores. Esta é a marca da contemporaneidade, que sob a capa de um projecto político colectivo, no caso do ministro, se manifesta do mesmo modo: a sobrevalorização da libido em relação à defesa e inviolabilidade do regime – a investigação começa pela necessidade da consumação do desejo e não por qualquer motivo político.
O investigador, Wiesler, que o realizador evidentemente escolhe para o cruzamento e confronto da dualidade individual/ colectivo ou, se quisermos, particular/público, é a personagem chave nesta trama: ele intervém nestas fracturas e, através de pequenas acções cirúrgicas, quase determina o curso da(s) estória(s). O desenrolar da acção torna-se assim num jogo, no qual, a mudança quase imperceptível de posição de uma peça, condiciona a sua leitura e o seu desfecho. Como cidadão anónimo, ou se quisermos como carta jogada fora do baralho, ele recolhe finalmente, num livro oferecido, a verdade da história que ele próprio manipulou.
Sabe bem ver um filme assim: discreto, bem interpretado, sóbrio e sombrio, tendo por fundo a arquitectura austera de Berlim oriental.
Interessante. Perceber a sobriedade do cinema europeu, na boa tradição da sua herança.
O filme fala de pessoas, para além de falar de censura, de intromissão e de política. Ou não fossem, muitas das vezes, as ambições e desejos pessoais que determinam a política. Aqui o individualismo do projecto pessoal sobrepõe-se ao colectivo: para Christa, a actriz, a representação, é a sua forma de realização e está no topo da escala de valores. Esta é a marca da contemporaneidade, que sob a capa de um projecto político colectivo, no caso do ministro, se manifesta do mesmo modo: a sobrevalorização da libido em relação à defesa e inviolabilidade do regime – a investigação começa pela necessidade da consumação do desejo e não por qualquer motivo político.
O investigador, Wiesler, que o realizador evidentemente escolhe para o cruzamento e confronto da dualidade individual/ colectivo ou, se quisermos, particular/público, é a personagem chave nesta trama: ele intervém nestas fracturas e, através de pequenas acções cirúrgicas, quase determina o curso da(s) estória(s). O desenrolar da acção torna-se assim num jogo, no qual, a mudança quase imperceptível de posição de uma peça, condiciona a sua leitura e o seu desfecho. Como cidadão anónimo, ou se quisermos como carta jogada fora do baralho, ele recolhe finalmente, num livro oferecido, a verdade da história que ele próprio manipulou.
Sabe bem ver um filme assim: discreto, bem interpretado, sóbrio e sombrio, tendo por fundo a arquitectura austera de Berlim oriental.
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