Tuesday, February 06, 2007

cristais

Cristais, reacções químicas, danças de moléculas, protões e neutrões.
Quando penso nas relações humanas, esta dança apresenta-se-me no meu imaginário. Sempre em mutação. Sobressai uma virtude ou defeito, uma característica ou amorfismo. Mudam os afectos, reagem as vontades, sobrevêm paixões ou neutralidades.
Paixões que acalmadas pacificam e equalizam os sistemas moleculares, tornando-os estáveis, propícios a uma nova reacção… química. Falamos de química acertadamente, a química do corpo e a da mente. Falamos de contexto, o mesmo será dizer de ambiente, substâncias e reagentes que, considerados em comum, determinam a reacção, a paixão. Dança das moléculas, dança dos corpos em activos pensamentos. Não somos mais que matéria e espaço. Espaço tenso, sujeito a forças atractivas e repulsivas numa aparente e móvel estabilidade.
Olhem-me nos olhos, também eles compostos de ínfimas partículas que se arranjam para devolver sintonias e vontades. Quando olho e não vejo nada, para além da espessa cortina do nevoeiro inter-estrelar, penso que morro no processo de imaterialização desta matéria.
Onde estão?

2 comments:

Anonymous said...

(Quem?)

...continuo, aqui, em direcção a nenhum fim. Aqui, ou do outro lado deste lado, o propósito é o de um gerúndio vago e, ele mesmo, sendo assim indefinido, nunca causar fim algum. Ninguém aqui está, ou está para chegar. Parte daqui, ou dai de onde escreves, e paira. A matéria é a felicidade de haver uma vontade límpida de…e a sorte de haver quem nos reconheça quando não impomos o nosso nome.

(continuarei ainda hoje se puder)

Anonymous said...

… a matéria. A matéria da matéria , na Multidão, é mesmo a irreverência dos desejos. Propagada à noite quando ficamos sob a custódia da esperança do dia seguinte, e depois do que se lhe segue, ela veste-nos dessa indeterminação exageradamente humanas. Eu desejo um sorriso ou uma palavra ou um soco e, por vezes, acontece. Mas no entanto, ao suceder, advém não do próprio desejo como se suporia, mas da paridade das surpresas que nos perseguem. Quem sorriu não era dali e o soco que era para um estômago robusto, sim, em mim! O Inverso, esse enigma antigo que frequenta o sorteio das sortes de que falaremos a cada dia, trata de impedir que pareça real o que efectivamente aconteceu e ilusória, docemente ilusória, a biografia do desejo.