Educar, tarefa difícil. Entender que as pessoas não se constroem apenas na escola. A escola, os conteúdos e o modo como se aprendem, fazem parte dessa construção. Mas as pessoas fazem-se também cá fora, nas conversas, no diálogo com os outros, na aprendizagem do corpo, na vivência dos afectos e neles, nas cambalhotas que dão as relações. Aprender a viver a aceitação e a recusa, saber lidar com esta, sem esconder a cabeça na areia, são momentos essenciais na construção da maturidade. Por isso penso que, mais importante do que tirar muito boas notas, é saber estar, crescer. Há uns tempos o Pedro tinha um teste e como de costume deveríamos rever a matéria que ele já tinha estudado a seguir ao jantar. No entanto, estávamos os dois numa conversa muito interessante e rica. Então eu disse-lhe que mais valia continuar a conversa, mesmo que isso custasse abdicar do tradicional Muito Bom. Assim foi, o Pedro não teve Muito Bom, e nós continuamos a conversar. Teria tido Muito Bom? Provavelmente não, mas mesmo que sim, troco-o bem pela cumplicidade que continuamos a partilhar. Tenho a certeza que as nossas conversas são mais importantes para a construção do homem do que a sabedoria que se transmite na escola, ou que um 5 no fim do período.
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2 comments:
Deixas-te-me a pensar...
Tens razão!
Foi essa a intenção. Mas provavelmente tenho este discurso porque o Pedro é bom aluno. Depois, puxo pelos galões e pergunto, mas é bom aluno porquê? Sinceramente, há destino, mas cada vez mais acho que boa parte dele somos nós que o fazemos.
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