Tuesday, February 20, 2007

mimos

"(…) O que há de extraordinário ali é que o mistério é à luz do sol. Na Acrópole ao meio-dia, com o sol a pino, toda a gente fala em voz baixa. Os próprios turistas, tão exuberantes em Itália, ficam transformados.

A Itália também me maravilhou – mas é diferente. Veneza e Florença são mundos construídos pelo homem centrado em si mesmo. Não são mundos religiosos. Na Grécia tudo é construído como religação do homem à natureza. Em Veneza e em Florença a natureza pouco seria sem o que os homens construíram: o que há é cidade. Mas os templos gregos só são compreensíveis situados no mundo que os rodeia. A ligação entre a arquitectura e o ar, a luz, o mar, os promontórios, os espaços é total. E essa ligação é simultaneamente racional e misteriosa, profundamente íntima.

Há também na Grécia uma atmosfera extremamente primitiva, um misto de doçura e de austeridade, de afinamento exacto e de rudeza. E uma identidade entre o físico e o metafísico.

(…)

Será possível que eu lá volte? Assim espero. E de todo o coração desejo que você um dia lá possa ir. Pois o que ali há, além de tudo o mais, é uma intensa felicidade de existir que nos lava todas as feridas."

Correspondência 1959-1978; Sophia de Mello Breyner/Jorge de Sena; Edições Guerra e Paz; pág. 70; 2ª Edição


E de todo o coração desejo que vocês um dia lá possam ir...


4 comments:

joana said...

compraste?
eu tenho a primeira edição, maria!

Anonymous said...

Não comprei, deram-me. Eu sei que tens a primeira edição. É tua. Livros são daquelas coisas, poucas, que preciso de Ter.

joana said...

a tua edição tem mais cartas que a minha, não vale!

Anonymous said...

mais duas.