Tuesday, November 08, 2005

Declaração

Continuo a querer os mesmos amigos, as mesmas conversas, os mesmos cafés, as mesmas rotinas. Se elas se mudarem é porque nós, eu convosco, já não precisamos delas, sem drama, sem dor. Continuo a acreditar nos mesmos projectos e a combater militantemente por eles. Eles que são: realizar-me como arquitecta que faz arquitectura pondo os Arquitectos a fazer Arquitectura; realizar-me como arquitecta enquanto divulgadora de uma profissão e de um modo de a exercer com paixão; realizar-me como mulher que acredita na condição feminina, com especificidade e com igualdade de oportunidades; realizar-me como educadora, que acredita na juventude responsável e sem preconceitos raciais, religiosos, sexuais. Que combata a pobreza e a discriminação e que assuma uma postura de vida que assenta na dádiva sem retorno. O único retorno, será porventura o da amizade ou o de percepção de que pela nossa acção alguma coisa mudou para melhor. Mesmo assim teremos que ter humildade para aceitar que a nossa vontade e a nossa crença pode ser vã. A verdade não é única. Verdade/valor universal é apenas o respeito pela dignidade de cada homem.
Concluir que uma alteração circunstancial modifica relações fundamentais não era, até hoje, para mim evidência. Não estou disposta a aceitá-lo a não ser pela liberdade de esquecer aquilo que ingenuamente julgava verdadeiro.

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