Monday, November 14, 2005

exactamente

Encontrei este poema de Torga no "Dias com árvores". Não sei o título, não estava lá. Vou procurá-lo. Não gosto desta falta de rigor, desta maneira de se usarem as palavras dos outros sem correctamente as referenciar. Mas hoje dão-me jeito e por isso transcrevi o poema na forma em que o li, ali.

Tarde triste.
É o Outono doente que começa.
Cada folha parece que tem pressa
De morrer.
Madura e fatigada, a natureza,
Roída por não sei que súbita incerteza,
Até nos frutos quer apodrecer.

E há um desalento igual dentro de mim.
Uma renúncia assim
Calada e conformada.
Perdi o gosto verde de cantar,
A emoção vem à tona e degenera,
Infecunda, a negar
As muitas flores que dei na Primavera.

Miguel Torga, Diário XIV, 1984

3 comments:

Anonymous said...

… Ingerir a tonalidade incandescente de um diospiro perante a próxima manhã …

O

maria said...

Também ele um delicioso fruto de outono, diáfano e perene.

Anonymous said...

Falta de rigor? Então porquer usa no poema? Isto há cada uma!
"Olha para o que digo e não olhes para o que faço!"