Tuesday, October 03, 2006

estrada da serra

Não sou Álvaro de Campos, nem percorro a estrada de Sintra.

Mas o regresso a casa, pelas 20.30 deu-me imenso gozo. A estrada sem luz, abria-se à minha frente - uma fita cinzenta iluminada pelos faróis, máximos ou médios, controlados conscientemente. Uma fita cinzenta debruada de dois traços contínuos brancos e outro, intermitente, a meio. Back a acompanhar a fita que se desdobrava ladeada pelo verde cinzento da vegetação lateral. Às vezes árvores, outras apenas ervas secas ou restos queimados dos incêndios de verão. O Outono anunciado no dia mundial da arquitectura. Ela, a arquitectura, ausente. Não era muito tarde e tudo se conjugava num início de noite calmo, sob controlo. Sob o meu controlo. Senhora da vida, da estrada, do devir, da estrada e da vida, deixando que tudo se desenrolasse na medida certa do imprevisto. Tudo o que vier será por bem. Eles, noutras paragens, dão sinais, telefonam ou não. Mas sei que estão também com o meu pensamento, no meu pensamento.

2 comments:

Anonymous said...

… viagem para a casa
anterior, que côncava,
a cordilheira noite
curva no colo da serra
negro imaginário è,
volúvel o volante!

maria said...

Não do meu Chevrolet emprestado como Álvaro de Campos, mas sempre com vontade de que a viagem não acabe, por razões inversas das dele. Antes ao volante de um Audi A3, "roubado" nas ausências do seu proprietário.