Friday, March 30, 2007

mulheres

Ouvia calmamente António Barreto na Grande Entrevista. É bom ouvi-lo. Retenho a sua reflexão sobre as extraordinárias mudanças sociais das últimas décadas. Retenho a sua reflexão sobre a condição da mulher. Dizia que as mulheres de hoje são também as mulheres de há cinquenta anos. Fazem o que faziam há cinquenta anos e acumulam na sua vida diária as conquistas benéficas que a evolução social lhes trouxe: trabalham em casa e trabalham fora de casa. Tão simples quanto isto. Todos nós o sabemos. Mas nós sofremos. É isto que eu não quero, ser esta super mulher que se realiza no trabalho, nos outros trabalhos e cumpre escrupulosamente os seus deveres de mãe. Felizmente as tarefas que herdei de há cinquenta anos são compensadas por dois filhos maravilhosos e por um pai (deles) que apesar de ser ausente, como os pais de há cinquenta anos, tem a exemplar virtude de ser referência no exercício profissional e no seu trôpego amor por nós. É assim possível desmultiplicar momentos únicos de diálogo interminável, vencido apenas pelo cansaço do corpo.

Esta é uma casa fora do comum. Onde o correcto está muitas vezes ausente, onde a luz não se apaga, onde está sempre alguém. Onde quando toca o alarme todos voltam.

Mas não estou satisfeita e por isso, entre nós, discutimos muitas vezes outras formas de organização social. Delas não está de fora o tal “gineceu”, talvez o post mais polémico deste blog.

Wednesday, March 28, 2007

Vazios

A prova de que este blog não se tornou um correio entre mãe e filha será a sua continuação. Pois. A Joana está cá de corpo inteiro para encher a casa. Não há skype, mas há blog!
Apetece-me deixar aqui um texto, que alguns já conhecem, e que aparecerá na Trienal de Arquitectura em Lisboa. Um texto sobre o medo do vazio.

"Vazio.

No urbano o “vazio” não existe. Podem existir espaços sem construção. Podem existir espaços não construídos mas ocupados com funções urbanas – espaços públicos que estruturam o urbano. Podem existir espaços memória de outra ocupação – terrenos agrícolas ou florestais. Mas não são vazios. São sempre espaços “entre”, contidos por construções, agarrados por estruturas, interstícios que fazem parte do organismo urbano…

A necessidade de preencher o vazio e a incomodidade perante o vazio, são uma pulsão e um sentimento que sobrevêm depois da pós-modernidade.

Dos quatro projectos que Santo Tirso apresenta nesta Trienal nenhum deles tem como génese a necessidade de preenchimento do vazio. Todos são uma requalificação do espaço que ocupam: dando-lhe uma nova função, recuperando-o para a mesma função, ou enfatizando a sua actual função.

Dando ao “vazio” uma nova função:

Complexo Desportivo Municipal – Rótula de ligação entre a cidade dos anos setenta e as novas estruturas da década de noventa. Nele o Pavilhão Desportivo Municipal é uma peça maior. O conjunto ficará concluído com a construção de um polidesportivo, campos de ténis e estruturas de apoio.

Habitação a Custos Controlados – Conjunto habitacional construído em terrenos agrícolas abandonados, na periferia da cidade. Qualifica e estrutura o urbano.

Recuperando o “vazio” – Reabilitação do Cine-Teatro, intervenção sobre um edifício degradado mantendo a função. Recupera a memória para um novo conceito de espaço cultural.

Enfatizando o “vazio” – Renaturalização e Requalificação da frente de rio, um percurso no “vazio”, o espaço natural também como espaço urbano.

Dando ao “vazio” uma nova função. Recuperando o “vazio”. Enfatizando o “vazio”.

O vazio tem lugar no espaço urbano.




Saturday, March 24, 2007

Bem...

Até já!

Saudades

É assim mesmo. Hoje em directo, sem rascunho. Porque a semana foi muito completa. Tanto que não tive tempo para, aqui, confessar pensamentos.
A internet, tem para mim, muitos benefícios. Gosto, gosto muito de vir aqui, todos os dias para pontuar o meu dia. Sei que este é um lugar de exposição. Aqui escrevo o que quero, só o quero, sem a pretensão de fazer literatura, mas com intensão de escrever português correcto. Apenas isso, português corrido, para deixar alguns pensamentos que, para mim, fazem sentido. Este lugar faz-me falta. Entendo a Joana desesperada quando lhe falta a internet, lá naquele país frio, onde não há cheiro a estrujido ou a sopa, onde as árvores florescem mais tarde, onde a quentura é artificial para disfarçar o frio, lá fora.
Amanhã esta casa terá um jantar português para ela, em sua honra!
Porque é que as saudades são maiores quando a proximidade da presença se avizinha?

Friday, March 23, 2007

Hussein Chalayan



Se aguentarem o início, eu juro juro que vale a pena.

As manhãs...


...em colagens.

Thursday, March 22, 2007

o dia

Dia de efemérides e de comemorações. Juntam-se no mesmo dia 21 de Março: dia da árvore (as árvores marcam o meu espaço); dia da poesia (a poesia pauta a minha vida); dia do sono (adoro dormir bem); dia de aniversário de João Sebastião Bach (Bach é cada vez mais a música).

Dia em que a poesia continuou numa conversa a três que não acabou, porque o encontro do homem com Deus, do homem com ele próprio, ou do homem com a natureza, infinitamente benéfica ou infinitamente maléfica, continuará na leitura do pré-sono.

Não tenho medo.

Wednesday, March 21, 2007

mimalhos

Cheguei cedo a casa para planear o dia de amanhã e de depois de amanhã. Dias com programas especiais que exigem sabedoria para coordenar sem deixar de fora prazer e obrigações prazenteiras de mãe. Tudo se compõe nesta casa. Basta ter a chave da porta para entrar. Basta entrar para estar em casa. Quente ou “fria”, porque o tempo meteorológico assim o determina, mas todos sabemos que aqui há sempre lugar a outra espécie de aconchego – mimalho, mimado, independente mas presente…até hoje ninguém faltou à chamada.

Tuesday, March 20, 2007

Babar



tenho saudades dele.

Monday, March 19, 2007

Santo Tirso

Santo Tirso no seu melhor, parado no tempo, ou para trás no tempo.
Domingo dia 18 de Março, a "Poesia está na Rua".

O meus vinte graus.

Neve, granizo e cara de sofrimento. Lá fora gela-se até aos ossos. Faz doer a cabeça e os maxilares. É complicado, estou habituada ao quentinho e tenho inveja dos vossos vinte graus. (não queria por a minha cara, mas é realmente ilustrativa do assunto, desculpem.)

Sunday, March 18, 2007

By this river.

Abri o itunes e pus a tocar a "by this river", do Brian Eno. É uma daquelas canções à qual volto sempre, com uma amargurada doçura. É uma canção de solidão. A primeira vez que a ouvi foi no filme “O quarto do filho” do Nanni Moretti. Comprei o cd. É antigo e nota-se, tirando esta canção que é, todos os dias, mais eterna e mais intemporal. Aliás completamente intemporal.

Pus-me a pensar, hoje, tem quarenta anos, a canção. Quarenta anos é muito, é o dobro da minha idade. Foi composta vinte anos antes de eu nascer, trinta anos antes de eu começar a ouvir musica, trinta e cinco anos antes de eu começar a ouvir música boa. Precede-me. E, se a ouvir como se fosse a primeira vez, não parece que foi composta ontem, ou o ano passado, ou há quarenta anos. Parece, sim, que sempre existiu. Como se fosse anterior ao humano, como se já pairasse nas estrelas. E, desenganem-se os cientistas, as estrelas não têm anos. Sim, a "by this river", é viva desde sempre.

Meus queridos:

Se alguma coisa aprendo com a vida é que ela se deslaça sobre desequilíbrios que tentamos equilibrar.

Qualquer relação profunda é a tentativa de encontrar o equilíbrio, a sintonia absoluta e momentânea. É raro o momento em que dois caminhos se encontram no ponto mais alto do corpo e do espírito. Se mesmo olhando para cada um de nós, é difícil recolher de nós estes momentos de sintonia entre corpo e espírito, consegui-lo com outro(s) será ainda mais raro. Duas linhas quebradas, quatro linhas quebradas e probabilidades matemáticas dão-nos a solução deste problema que é a vida.

Na minha cabeça conceptualizo um desenho que não posso tornar visível. Esse desenho persegue-me e apazigua a minha alma. Dá-me a força para desfiar fios, teias frágeis e luminosas que lanço para trazer o ponto mais alto de outra linha quebrada para junto do meu. Outras vezes olho de baixo para o “teu” ponto mais alto e a custo subo com cuidado pela teia que “me” lanças. E quando são três, ou quatro, ou… no mesmo ponto alto?

(Explicará isto a força das multidões?)

Mas no materialismo em que nos criamos é difícil saber conviver com os desequilíbrios. Perseguimos a segurança das certezas. Ilusão.

Por isso, meus queridos, percebo a dor da insegurança mas também percebo a doce subtileza do caminho e custa-me não puder tornar a vossa vida constante e linear, sempre na haste mais alta da comunhão ( não da melancolia, perdoa-me Eugénio). Paradoxo do sentimento amoroso.

Peixinho



Como somos todos um bocadinho peixinho, às vezes, tomei a liberdade de pôr o meu peixinho dentro deste aquário, emprestado pelo google. Acabei o romance que também era sobre um peixinho. Muito bonito. Leiam.

Saturday, March 17, 2007

Ao que me obrigas, Maria

Obrigada pela mãe, Joana "posta" fotografia do par de sapatos novos. Lentamente ficando foleira como as inglesas?

primavera

É impossível ignorar a Primavera! Ela não chega por calendário. Chega pelas árvores ( que estão cheias de tenras folhas verdes) chega pelo sol ( que se concentra na pele para irradiar calor depois) chega pelo céu azul, chega pela memória de outras Primaveras ( retalhos, quadros, cenários vividos), chega pela fantasia…

Chega pela melancolia, a tristeza mais alegre, mais doce… Ouvia hoje que os portugueses são como os russos, são tristes. Por isso gosto da música dos russos, Prokofiev, Shostacovich, Tchaikovsky, Stravinsky,… ou mais recentemente Arvo Pärt, que não sendo russo vem de lá perto.

Hoje a casa não tem música, apenas o ruído… das máquinas, dos bichos, dos passos, dos teclados… não caibo nesta casa, como não caibo dentro de mim. Mas também não quero conversar, nem ouvir, quero apenas estar, porque “naufragar é doce neste mar.”

Thursday, March 15, 2007

...e menino

Wish you were here.


A Manchester Gallery tem uma zona didáctica, para os mais pequenos. Tem várias brincadeiras para as crianças perceberem as peças do museu e a arte. Quase tudo em Manchester é feito para pequenos e graúdos. Há, na Manchester Gallery, um projecto na zona das crianças, que adoro. Chama-se “Wish you were here”. Tem muitas malas antigas e umas etiquetas para escrever uma mensagem. Tem duas minhas e muitas, muitas de outros.

Cavalinho

O cavalinho voava no ar

às três da tarde no monte do xisto.

Ninguém mais fixou o cavalinho no ar

quando às três da tarde

ele dançava lento no azul grego do céu.

Pégaso ou cavalinho de pau?

A infância dos sixty ou

a eterna ternura da antiguidade clássica?

Mas o cavalinho

(apesar de ser apenas um balão perdido

por uma criança qualquer)

tirou-me de mim e levou-me à grécia

hoje - lá

onde também se perdem cavalos

num domingo à tarde.

Rapazes

Gosto de rapazes. Gosto da conversa dos rapazes. Para mim é um divertimento ir buscar três, quatro ou cinco rapazes ao treino de basquete. São divertidos e leves nas conversas. Riem-se, dão gargalhadas, provocam-se e eu com eles. Também dou gargalhadas.

O meu rapaz provoca-me “ Isso são conversas de mulheres! Gostam de ser sempre as rainhas do mundo. E depois não ligam a ninguém!” Respondo “ Eu não sou assim:” “ Ai não! Claro que és.” E pronto, fico a pensar…é certo que nós gostamos de segurança. O risco é sempre calculado…ou então desculpado. Quando tomamos a iniciativa, medimos antes muito bem, as probabilidades do não. E se apesar de o medirmos ele nos surpreende, encontramos sempre uma fantasiosa razão, para interpretarmos positivamente esse não. Há sempre uma razão, uma desculpa para o nosso “fracasso”, porque para nós, é disso que se trata. Seremos sempre rainhas ainda que só na nossa efabulação.

Com a idade cada vez gosto mais de homens.

Tenho saudades da minha companheira.

Sunday, March 11, 2007

Cartas de Iwo Jima

de Clint Eastwood

Discutimos e não concordamos ou então não soubemos explicar-nos. A causa foi a atitude do Barão de Nishi, que manda os seus homens juntarem-se aos sobreviventes do outro lado da ilha e fica na gruta do Monte Suribachi ferido de morte para se suicidar. A questão que nos pôs em discórdia resulta do facto de ele dar o tiro de morte ainda quando era audível para os seus homens.

Se para os japoneses é uma questão de honra morrer pelas próprias mãos, sendo o acto do suicídio a última e eterna libertação, para mim o momento que ele escolheu para o fazer chocou, ou no mínimo perturbou, os homens que, sabendo que só lhes restava a morte, tiveram que continuar a lutar até ao fim. Na opinião deles a expressão no rosto dos soldados foi de dor pela morte do general.

A visão que o filme nos dá, para além de ser evidentemente uma perspectiva nova sobre o que se passou, a perspectiva japonesa, não deixa de ser uma visão ocidental e americana. As personagens chave do filme, o general Kuribayashi e Nishi, têm fortes ligações ao mundo ocidental e são recriadas no dilema entre o patriotismo heróico e a sua condição de homens. O general redime-se deste dilema, quando salva pela terceira vez Saigo, devolvendo-o pela rendição à família, que também podia ser a dele. Os sentimentos humanos são aqui mais fortes do que o suicídio consentido ou imposto. Kuribayashi suicida-se, pede a Saigo que o enterre para que ninguém encontre o seu corpo, o que aconteceu na realidade e liberta-o da honra patriota para a dimensão humana.

Discordamos ainda noutro ponto: para eles, Kuribayashi não quer ser encontrado porque acha que fracassou, para mim porque para além disso, a morte pelas suas mãos é a suprema redenção. Gostei.

Saturday, March 10, 2007

impressões de mãe

O sol aquece-me a pele.

A diferença de idades entre os meus dois filhos mostra-se providencial. A minha companheira está longe no espaço mas fiquei com um companheiro. Hoje de manhã disse-me “Vamos à praia!” Sugestão imprevista que aceitei. Afinal que diferença faz entre Julho e Março se está sol? Ir, deixar que a vida corra…ouvir quando há que ouvir, falar quando mesmo não há nada “especial” para dizer.

A casa está desarrumada de vida. Haverá um bolo simples para fazer, um grande “queque” como ele gosta. Faço-o com gosto, porque sei que nos agarra uns aos outros, é presença e será sempre memória de uma qualidade de ser mãe.

Friday, March 09, 2007

upgrade

O que eu gostava de ser era empresária, ou antes, mentora de empresas. Nas minhas divagações surgem-me muitas ideias para novas empresas. Até gostava de ter uma empresa de ideias para novas empresas. Será este o meu próximo upgrade?

A última, que surgiu juntando alguns dados, é uma empresa direccionada para a terceira idade. Porque sei que:

- Cada vez há mais idosos;

- Nós “os de meia idade” debatemo-nos com o apoio amante aos pais e com vidas profissionais em pleno;

- Os idosos não gostam de deixar as suas casas, as suas coisas;

- Os sistemas de informação são essenciais, quando bem aplicados, para melhorar a qualidade de vida;

- As domóticas e as robóticas permitem o controlo remoto.

Então construir uma empresa de apoio aos idosos, ou a quem vive sozinho, à distância, uma empresa que vele pela sua segurança e lhes faça companhia sem interferir e sem ferir as suas individualidades, é a ideia.

Esta empresa permitiria lembrar a tomada de um medicamento, acorrer em situações de doença súbita, de queda, de depressão, de necessidade de um serviço urgente, de entrar em contacto com uma pessoa, etc.

Pode incorporar ainda pessoal para assistência domiciliária comum ou associar-se a outras que o façam.

Quando tenho estas ideias fervilho e só tenho pena de não possuir os meios para a poder realizar.

Wednesday, March 07, 2007

Balão

memórias

Divirto-me e emociono-me. Deito o "rabo do olho" para a televisão pública que faz cinquenta anos. Desde que me lembro como gente que o pequeno ecrã me acompanha. O meu pai comprou a primeira televisão em 1968 para os jogos olímpicos do México. Com ela vi "O nascimento de uma nação", "Nosteratu"; aprendi a conhecer os desenhos animados da europa oriental e do Canadá, Norman McLaren; ouvi "Se bem me lembro", João de Freitas Branco,"Histórias da Música"; vi Vilaret, Mário Viegas; David Mourão Ferreira, Nemésio e Agostinho da Silva; vi Almada Negreiros; muito desporto, muitos filmes, muitos documentários...
menos, cada vez menos, vejo televisão.

premonições

Não foi premonição mas ontem falei de mimos. Hoje chegaram-me três explícitos: primeiro uma dedicatória, depois um livro, e depois um mimo dentro de outro mimo e outro dentro, uma carta muito especial.

Do livro:

Coisas de Partir

Tento empurrar-te de cima do poema
para não o estragar na emoção de ti:
olhos semi-cerrados, em precauções de tempo
a sonhá-lo de longe, todo livre sem ti.

Dele ausento os teus olhos, sorriso, boca, olhar:
tudo coisas de ti, mas coisas de partir...
E o meu alarme nasce: e se morreste aí,
no meio de chão sem texto que é ausente de ti?

E se já não respiras?Se eu não te vejo mais
por te querer empurrar, lírica de emoção?
E o meu pânico cresce: se tu não estiveres lá?
E se tu não estiveres onde o poema está?

Faço eroticamente respiração contigo:
primeiro um advérbio, depois um adjectivo,
depois um verso todo em emoção e juras.
E termino contigo em cima do poema,
presente indicativo, artigos às escuras.

Ana Luísa Amaral; Poesia Reunida 1990/2005; edições quasi

ten days of perfect tunes



DOWNLOAD AQUI

Penso que já estejam familiarizados com o site em que guardei o ficheiro. O ficheiro é .rar e tem a compilação de canções, a capa e a parte de trás do cd. Tudo feito com amor. Isto é um kit. Adoro isto, a sério. Aproveitem, divirtam-se.

Tuesday, March 06, 2007

novos mimos

Durante o dia são vários os temas que me sugerem reflexões para este blog. Vou falar de mimos. Porque agora, assim estou. Vivemos de mimos ou os mimos fazem-nos viver. Pequenos gestos de mim para os outros e dos outros para mim, mantêm-me agarrada. Circunstâncias. Todos somos circunstâncias na vida de cada um. Como diz Joseph Conrad “ Vivemos como sonhamos-sózinhos”. Eu sei. Tu decerto também sabes. Porque esta é uma ideia maior que perpassa por este blog. Mas porque o sei, quero que saibam, todos e cada um, que cada gesto que me faz lembrar que não estou sozinha é bem vindo. “Se a vida é dura e mais dura é a razão que a sustém”, como diz o Poeta, então que ela seja mais doce e mais leve pela demonstração do amor que nos agarra. Aqui, neste blog, também.
É muito importante expressá-lo, para que os outros perssintam o gesto e para que a dádiva nos fortifique. Como digo muitas vezes ( pensando nos meus filhos e não só) só quem é bem amado é bom. Com muito amor, muito carinho, somos melhores, superamo-nos.

Monday, March 05, 2007

miss u


Não costumo pôr a minha figureta neste blog, mas esta mensagem é muito muito muito importante. A todos, e os todos sabem quem são, MISS U! (Parabéns, Inês.)

Saturday, March 03, 2007

Moonless



Eclipse total da Lua.
Visto aqui, aí e em Barcelona

às vezes outra voz

É como se estivesses aqui
( quando te sei ausente)
e quando estás presente
( também te sei ausente)
distante, não indiferente.

Moldo o vazio com a luz da perda:
assim encontro a minha medida.
Tão só, tão louca, às vezes perdida.

Caminho no areal da música em tempos
medidos pelo relógio do sentimento
que ela me sugere ou activa.
Tão só, tão frágil, às vezes perdida.

O mote é ausência presente
numa casa de memórias únicas.
Viver não só nem somente:
Tão plena, tão forte, sempre diferente.

Março, o mês da Primavera


março
(é o mês da primavera)




Desculpem esta vontade estúpida de partilhar esta assimilação do momento. Às vezes os ventos de Manchester irritam-me. E voltei a adormecer, hoje de tarde, em cima da cama.

Friday, March 02, 2007

slogans

Alguns dos slogans da minha juventude acompanham-me.
“Vida sã e luta dura” é um deles. A minha adolescência caminhou a par com a revolução de Abril. Fui educada nas “escolas” da esquerda e assumi muitos princípios como princípios de vida. Com o tempo aprendi a ser mais tolerante comigo: a fazer concessões à vida sã ( as noitadas, alguns cigarros, o prazer de um bom copo, de um bom cozido…) e à luta dura ( algumas concessões ao dever pelo prazer). Quem me conhece dirá: tretas! Mas não é assim. Simplesmente as concessões são quase sempre derrapagens controladas. Quando não o são, a minha vida anda às cambalhotas! Não se dão conta disso, pois não? Sou uma boa “actriz”, excepto para aquela meia dúzia de eleitos a quem abro a minha alma. Felizmente tenho o privilégio de ter alguns amigos que me aturam.
Tudo isto para dizer que esta semana li no meu signo que deveria ter cuidado. Defendi-me. Dormi mais do que o costume, esqueci-me de algumas tarefas, conversei muito, fui menos vezes ao ginásio e à piscina e…
Hoje estou leve. Corpo? Não tenho, as minhas pernas não existem. A cabeça paira entre a terra e o céu porque tudo está em ordem.
Fui compensada por ti, e por ti também!