Abri o itunes e pus a tocar a "by this river", do Brian Eno. É uma daquelas canções à qual volto sempre, com uma amargurada doçura. É uma canção de solidão. A primeira vez que a ouvi foi no filme “O quarto do filho” do Nanni Moretti. Comprei o cd. É antigo e nota-se, tirando esta canção que é, todos os dias, mais eterna e mais intemporal. Aliás completamente intemporal.
Pus-me a pensar, hoje, tem quarenta anos, a canção. Quarenta anos é muito, é o dobro da minha idade. Foi composta vinte anos antes de eu nascer, trinta anos antes de eu começar a ouvir musica, trinta e cinco anos antes de eu começar a ouvir música boa. Precede-me. E, se a ouvir como se fosse a primeira vez, não parece que foi composta ontem, ou o ano passado, ou há quarenta anos. Parece, sim, que sempre existiu. Como se fosse anterior ao humano, como se já pairasse nas estrelas. E, desenganem-se os cientistas, as estrelas não têm anos. Sim, a "by this river", é viva desde sempre.
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