Se alguma coisa aprendo com a vida é que ela se deslaça sobre desequilíbrios que tentamos equilibrar.
Qualquer relação profunda é a tentativa de encontrar o equilíbrio, a sintonia absoluta e momentânea. É raro o momento em que dois caminhos se encontram no ponto mais alto do corpo e do espírito. Se mesmo olhando para cada um de nós, é difícil recolher de nós estes momentos de sintonia entre corpo e espírito, consegui-lo com outro(s) será ainda mais raro. Duas linhas quebradas, quatro linhas quebradas e probabilidades matemáticas dão-nos a solução deste problema que é a vida.
Na minha cabeça conceptualizo um desenho que não posso tornar visível. Esse desenho persegue-me e apazigua a minha alma. Dá-me a força para desfiar fios, teias frágeis e luminosas que lanço para trazer o ponto mais alto de outra linha quebrada para junto do meu. Outras vezes olho de baixo para o “teu” ponto mais alto e a custo subo com cuidado pela teia que “me” lanças. E quando são três, ou quatro, ou… no mesmo ponto alto?
(Explicará isto a força das multidões?)
Mas no materialismo em que nos criamos é difícil saber conviver com os desequilíbrios. Perseguimos a segurança das certezas. Ilusão.
Por isso, meus queridos, percebo a dor da insegurança mas também percebo a doce subtileza do caminho e custa-me não puder tornar a vossa vida constante e linear, sempre na haste mais alta da comunhão ( não da melancolia, perdoa-me Eugénio). Paradoxo do sentimento amoroso.
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