“ A vida é como a recta do Mindelo. Quando olhamos para trás já não sabemos onde é que ela está.” Há dois anos transcrevia esta frase do Sr Albino para um post neste blog.
Leio "O deserto dos tártaros" de Dino Buzzati, do qual a Joana já falou.
"... justamente naquela noite principiava para ele a irremediável fuga do tempo. (...) E assim se prossegue caminho numa esfera confiante, e os dias são longos e tranquilos, o Sol brilha alto no céu e parece nunca ter vontade de chegar ao ocaso.
Mas a certa altura, quase instintivamente, voltamo-nos para trás e vemos que uma cancela se fechou nas nossas costas, obstuindo-nos a via do regresso. Então sentimos que algo mudou, o Sol já não aprece imóvel, desloca-se rapidamente, ai de nós, nem temos tempo de o fixar pois já se precipita no confim do horizonte; apercebemo-nos de que as nuvens já não ficam estagnadas nos golfos azuis do céu, foram encavalitando-se umas nas outras, tal é a sua urgência; percebemos que o tempo passa e que também a estrada um dia deverá terminar."
Leio "O deserto dos tártaros" de Dino Buzzati, do qual a Joana já falou.
"... justamente naquela noite principiava para ele a irremediável fuga do tempo. (...) E assim se prossegue caminho numa esfera confiante, e os dias são longos e tranquilos, o Sol brilha alto no céu e parece nunca ter vontade de chegar ao ocaso.
Mas a certa altura, quase instintivamente, voltamo-nos para trás e vemos que uma cancela se fechou nas nossas costas, obstuindo-nos a via do regresso. Então sentimos que algo mudou, o Sol já não aprece imóvel, desloca-se rapidamente, ai de nós, nem temos tempo de o fixar pois já se precipita no confim do horizonte; apercebemo-nos de que as nuvens já não ficam estagnadas nos golfos azuis do céu, foram encavalitando-se umas nas outras, tal é a sua urgência; percebemos que o tempo passa e que também a estrada um dia deverá terminar."
Dino Buzzati; O deserto dos Tártaros; Cavalo de Ferro; Pág 50
4 comments:
é...caminhamos como envoltos numa espiral de folhas, num remoinho...que gira, gira muito depressa. Talvez até, demasiado depressa...E pelo meio dessas voltas que damos, mesmo sem querer, vemos por segundos, vislumbramos o que ficou para trás. E percebemos que não conseguimos parar de girar. Não podemos recuar. E que a vida nas nossas mãos foi, apenas, uma ilusão de luz...
...A recta do Mindelo já lá não está mesmo...A questão é se de facto existiu...
Esta recta do Mindelo sempre existiu e existirá...para nós também.
talvez exista, qual estrada da vida. Interminavel apenas porque não lhe vemos o fim. Nem o início, já.
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