Às vezes faz sentido colocar alguns textos passados, reflexões a público. Porque de tão passados ficam neutros, ainda que sempre presentes. Hoje este, a propósito de um sonho (embora já não me lembre de quem entrou!):
"Entraste subtilmente no meu sonho, perturbante sonho.
Tento puxar os fios para com eles amarrar uma teia
de silêncio, de ecos
Mas foge-lhe o sentido ficando apenas a sensação do prazer desfeito
Não isento de culpa nem de rostos(A culpa advém dos rostos, porque os rostos tem nomes?)
No fundo de uma floresta densa e impenetrável existe uma clareira que se abre sobre o mar: um triângulo de areia branca, bordado de verde forte e do castanho da terra. Aqui sou parte da terra e do mar. Nada mais. Aqui todos os poros estão abertos ávidos de polinização. Todo o corpo é fecundo, é terra fértil. Ao primeiro afago, ao primeiro beijo, ao primeiro toque, desdobrar-se-á em dança, em música que sem um gesto ou um som, permanecerá audível em infinito eco.
Porque perdemos a sabedoria? Porque ganhamos o medo? Porque somos estes tristes seres enroscados sobre nós próprios que definham como um caracol coberto de sal?"
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