Filme radical. Quem se atreve a fazer um filme de duas horas que quase não sai da sala de aula? Em que não há vida para além da que se vive numa escola e numa turma do 8º ano? A vida exterior é apenas a que se reflecte na sala da aula e nesta apenas nas aulas da disciplina de francês. Mas na sala de aula está tudo: o saber e o poder; o ensino e a sua precariedade; a xenofobia e a marginalidade; a insolência e a prepotência; a tolerância e a fragilidade. Fui vê-lo com um aluno e, penso que, rodeada de professores. O aluno gostou.
Fiquei impressionada com a tensão de uma sala de aula, porque cada palavra, cada atitude, é um peça de um complicado puzzle, sujeita à extrapolação que a porá no centro do mundo com as mais terríveis e injustas repercussões.
Conceptualmente radical, formalmente discreto, globalmente um filme do mais interessante que já vi e que se adequa à mudança de paradigma que temos, em tempo de crise, que ousar: deixar a aparência e viver a imanência: para ser bom não é preciso (materialmente) nada.
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