Gostei imenso de rever o Soutinho. Duas horas a falar de arquitectura, passando por biologia, por ecologia, por pedras, por sentido, por opção, por política. Já quase me tinha esquecido do que é um arquitecto, telúrico ou eclético com a despretensiosidade de uma conduta que, independentemente de leituras mais ou menos moralistas ou preconceituosas, faz dele um homem integral. Já quase me tinha esquecido de um passado anti-fascista, de uma luta que foi vital e que determina um homem em que a velhice é um dom. Ele relembrou-o de um modo simples mas avassalador, predeterminante na pessoa e na serenidade que transmite, sem contemplações mas com disponibilidade. Lembro aquela crónica que há anos li no Jornal de Arquitectos do Pitum Keil do Amaral, que retratava os arquitectos que perdiam a coluna vertebral à custa de tantas cedências… face ao politicamente correcto e conveniente. Mesmo quando as leituras exteriores, que às vezes fazemos, nos orientem para juízos mais dependentes. Nada é tão linear como os nossos juízos precondiconados por ideais externos e sonhados, romanticamente.
É muito bom ouvir falar apaixonamente do que se faz aos dezoito anos, como aos quarenta, como aos setenta. Só temos uma vida, oferecida. Resta-nos saber honrar a prenda, completando-a com os adereços que conseguirmos resgatar.
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