Friday, May 19, 2006

consciências

Hoje foi um dia difícil. Alguns dos meus amigos que por aqui passeiam, sabem. Sabem como é difícil mediante uma situação concreta saber como proceder. Resolver problemas, ter presença de espírito e perceber que às vezes muitos deles são materialmente irresolúveis. No entanto a comunicação, a organização colectiva e o reconhecimento do problema colectivamente é já em si uma solução. Funciona como segurança, como conforto, acalma-nos.
Para dizer como me fazem falta os amigos. Como às vezes estou completamente sozinha e tenho medo de importunar. Com que direito vou massacrar os outros com as minhas coisas? Ainda por cima eu que detesto ser “chata”, que por educação ou por auto construção me fiz, pelo menos exteriormente, discreta. Porque a discrição interior, a que chamo de humildade, é virtude perseguida e muitas vezes incompatível com esta discrição exterior que cultivo. A exterior é mais fácil e oculta muitas vezes grandes doses de egoismo. A interior é cultura, no sentido de auto educação, de capacidade de leitura dos nossos sentimentos e dos mecanismos que os geram, para os pudermos transformar. Esta é uma luta diária de descentramento, de me retirar do centro do mundo, de abdicação consciente, de consciência do universo. Todas as vezes que isso acontece sou feliz e confiante, ponho-me nas mãos de Deus e deixo que Ele guie os meus passos. Atenção, porque este Deus não sei quem é, sei apenas que É.

4 comments:

Anonymous said...

Digo, que para além do factos reais, outros, que dependem apenas do encadeamento mental de sinais subjectivos, põem em causa a tal estabilidade confortante das relações.

maria said...

Há muitos caminhos para se chegar à verdade.

Anonymous said...

Nem sempre consigo ver para lá do véu de fina névoa que se forma na curvatura do horizonte das tuas palavras; ou do silêncio que dura logo depois do eco em que se distanciam. Como um pássaro que atravessasse a tarde planando de asas abertas numa trajectória insondável, apesar de voar na simplicidade do círculo que contem o murmúrio da sua exacta tarefa. São poucos os indícios. Seria preciso obter explicações do vento ou da memória para perceber o seu rigoroso alinhamento com a prosa da tarde vaga que a define. Por vezes, apesar do afecto da amizade, é o hélio ou o silêncio que melhor amparam a solitária volatilidade que nos descreve. E apesar de tão curta proximidade, é tão remoto o nome da cada amigo, e tão singular é, que não podemos verdadeiramente chama-lo. Certamente ele viria. Todos viriam, cada um por seu turno. Mas como poderíamos explicar-lhes que não podemos despir-nos do inestimável conforto de um longo silêncio. E, o silêncio, esse raríssimo sacrário da própria e mais culta reverência perante o Enigma da infinita contingência que nos plasma por vezes só pode ser revelado e compreendido num lugar alto de hipóteses caladas, ainda que dois sorrisos se comuniquem. No entanto, outras vezes, é preciso compromete-lo com qualquer pedaço da realidade. Com a lua ou com o mar, é frequente acontecer-me! E não me canso de os atribuir a quem .... !


A

maria said...

Passo a explicar o facto: O Pedro, como sempre, foi jogar basquete para o campo da escola no intervalo das 10 horas. Pousou a mochila e jogou despreocupadamente. Quando foi buscar a mochila ela tinha desaparecido. Não apareceu mais. Ele ficou preso entre a angústia de não saber o que fazer e a culpa de ter feito algo mal. Eu chamei-lhe irresponsável e fiquei perdida sem saber a quem me dirigir. Valeu-me ter um irmão professor na escola e uma irmã desenrarascada, porque quando me dirigi aos funcionários obtive um " não sei, pergunte nos pavilhões, agora só segunda feira:" Fui ao conselho executivo e atenderam-me. Mesmo que a mochila não apareça o problema deixou de ser só do Pedro e meu... é também da escola. A escola é uma instituição a quem entregamos os nossos filhos e tem que ser responsável. Este foi o mote que me levou para o tal vôo de outros contornos, provavelmente, até para mim; às vezes insondáveis.