Wednesday, September 20, 2006

siadap

Ainda bem que não há maneira de medir dor, cansaço, amor, ódio, interesse, …. Ainda bem que não há maneira de medir emoções e sentimentos, senão o mundo tornava-se uma tirania. Por isso a medida é só nossa, individual e estabelece-se em função dos nossos limites. E mesmo esses às vezes não sabemos exactamente quais, porque os desafiamos todos os dias…até que quebra, ou dá simplesmente sinais de próxima ruptura.
Isto também a propósito do novo sistema de avaliação da administração pública. Não sei nada ou quase nada sobre ele, mas tenho medo. Tenho medo que a sociedade capitalista tenha sob esta forma, encontrado mais uma maneira de tiranizar as pessoas. As pessoas são um recurso, uma matéria prima, cujo o desempenho vai ser medido por parâmetros - por objectivos, uma maneira mais moderna e eufemista de dizer, por números. Seremos feitos índices, metas quantificadas e tornados cobaias. Quem melhor desempenho terá, será quem, na média, responder melhor a tudo, como se na média estivesse a virtude e na média se fizesse a diferença. Porque não se mede paixão, temos que andar atrás da visão e da missão para estabelecer os tais objectivos que seremos obrigados a atingir e a partir dos quais seremos traduzidos em números.
E depois venham falar de inteligência emocional, de envolvimento, de relações humanas… e “chorar no trabalho e por causa dele, dá perda de pontos”, como comentávamos ao almoço?
Convido-os a ler os comentários do meu post de ontem que são soberbos.

2 comments:

Anonymous said...

E terão, aqueles que vierem a manusear tal sistema avaliador de desempenho, uma cultura de isenção e transparência, de objectividade e coragem, capaz de não o desvirtuar? É que, se a lei está consumada, já não é a lei que eu temo. O que me assusta é o dedo indicador que vai operar a máquina de calcular. Não é indiferente o facto de as diversas classificações estarem sujeitas a um “plafonamento” rígido que anulará o actual nivelamento artificial de desempenhos. Terá pelo menos a virtude de obrigar quem classifica, a classificar de facto, e deixarão de existir tantas competências gémeas. Bem vindos á competitividade desenfreada! Não, não, peço desculpa, existem outros tipos de competição que condicionam a disputa…! Sim, é claro!

maria said...

Para além do desabafo, também sei isso, que actualmente nada tem a ver com nada. O que me custa é ver o artifilialismo borucrático e empenhado dos novos defensores da competição sadia. Serei sempre comunista, como aqui já afirmei várias vezes: a cada um segundo as suas possibilidades e de cada um segundo as suas necessidadesa. Por isso me custa reduzir tudo à mesma bitola. Caberá a quem avalia, espero que a lei o permita, estabelecer a diferenciação positiva pelas qualidades especificas de cada pessoa, como pessoa única, sobretudo se ela tiver a capaciade e a coragem de chorar.