Há alguns anos que percebi que o conceito de periferia é cada vez menos um conceito geográfico. Esta descontextualização do conceito tem vindo a acentuar-se com a globalização. A distância a um centro não é mais medida em quilómetros mas em tempo de acesso e este pode ser físico ou virtual.
Como tal ser periférico deixa de ser um lugar para ser uma condição. Pode ser-se periférico no centro das grandes cidades, no país mais central da Europa, em Tóquio ou
Esta questão surge muitas vezes na minha cabeça a piscar com um sinal de alarme porque continuamos a pensar na periferia como um lugar geográfico. Por isso continua a marcar a nossa agenda social e política a dualidade litoral/interior, quando o nosso interior (a 150/200Km da costa), mesmo geograficamente, é litoral na maioria dos países europeus. E por isso, enquanto não mudarmos a nossa atitude interiorizando que ser periférico ou central é uma condição, encontraremos sempre desculpa para o nosso atavismo e sua auto-justificação.
Inevitavelmente a 31 de Dezembro algumas retrospectivas invadem o pensamento sem que a obrigatoriedade de fazer projectos retire leveza ao sonhar de um novo ano.